Os custos com arrendamento impactaram diretamente a rentabilidade da produção de cana-de-açúcar na safra 2018/2019, equivalendo, em média, a R$ 17 por tonelada de cana produzida e a cerca de 15% dos custos de produção de cana-de-açúcar. Levando em consideração a produtividade e arrendamento, 25% da produção em t/ha é destinada para pagamento dos contratos de arrendamento, segundo levantamento do Pecege realizado com a participação de 89 unidades agroindustriais, que equivalem a 31% da moagem nacional.
O estudo revela que os contratos têm variação de 670 a 2.200 R$/ha, com custos de produção completamente distintos, exigindo diferentes patamares de eficiência produtiva para viabilizar a produção. Assim, em média, para cada 1 tonelada por hectare a mais negociada no contrato de arrendamento, é adicionado 1 R$ por tonelada no custo de produção de cana-de-açúcar. “Com os custos de produção vigentes e preços atuais apenas produtividade a partir de 120 t/ha permitiriam rentabilidade plena da atividade, sendo que a média do setor é de 75 t/ha”, disse João Rosa, professor e gestor de Novos Projetos do Pecege.
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O levantamento constata ainda que, em relação à safra anterior, notou-se dois movimentos antagônicos: o aumento do preço do ATR e a redução do valor negociado em t/ha. O acumulado do preço Consecana-SP até dezembro foi 8,22% maior em 2019, comparativamente a 2018, o que pressionou o aumento do custo do aluguel da terra. Em contrapartida, o valor negociado do arrendamento, em t/ha, caiu 7,44%. A queda se deu, principalmente, pela negociação dos contratos vigentes e pela devolução de terras mais onerosas pelas usinas.
Essa é uma tendência que vem sendo observada, principalmente pela crescente pressão dos custos de produção de cana-de-açúcar, que foi R$ 102,16/t no final de 2019, equivalente a R$ 7.870,2/há e reforçada por outros indicadores, como a participação da cana própria, que passou de 71% para 68%, queda de 4%, indicando a migração da cana própria para compra de matéria-prima. Outro sinalizador se refere a área média de produção, em termos de área própria também caiu de 31% para 27%, uma queda de 14%.
Rosa ressalta que os custos de arrendamento devem ser analisados com cautela e com olhar de longo prazo, afinal, compromissos firmados hoje, perduram por vários anos. Além disso, alguns valores praticados podem ser considerados irreais no contexto econômico de produção, de modo que estão sendo criadas “bolhas inflacionárias” em algumas regiões. “Tem que se ter cautela com o sarapatel de contratos, com registros de valores surreais. Uma relação comercial não sustentável no longo prazo”, alertou.
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