Desnível social
Um bolsão de pobreza encravado numa região circundada por riqueza. Esta é uma boa frase para definir os municípios de Porto Estrela, Santo Afonso, Nova Marilândia, Nortelândia e Alto Paraguai, na chamada Depressão do Paraguai.
Esse grupo de municípios se espalha por uma região com excelente localização geográfica, banhada por grandes rios, topografia plana em maior parte de sua área, servida por energia elétrica, boa malha rodoviária pavimentada, com rede escolar suficientemente capaz de atender à demanda e com imensurável potencial agropecuário. Apesar desse enumerado de vantagens, ainda assim a região encontra-se em incômoda situação no tocante ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e as estimativas de populações residentes divulgadas pelo IBGE revelam que o número de habitantes enfrenta um crônico problema de redução com o êxodo permanente para grandes cidades sobretudo Cuiabá.
Cabe ao governo de Mato Grosso e aos líderes municipais dessa região uma tomada de posicionamento conjunto em busca de alternativas para absorver a mão-de-obra ociosa ou subempregada, antes que o caos se estabeleça numa região que no passado foi uma das mais produtivas e prósperas do estado.
Os municípios dessa região e outros na vizinhança experimentaram ciclos de extração mineral de ouro e diamante, de poaia, e alguns deles de látex. Todos em maior e menor escala também em algum período de tempo se dedicaram à pecuária. Com a exaustão do garimpo, gradativamente a crise econômica secundada por problemas sociais começou a se instalar nas cidades, vilas e campos daquela área.
O aproveitamento das potencialidades e da aptidão dos moradores deve ser levado em conta para a criação de arranjos produtivos, que não podem desconsiderar a forte economia sucroalcooleira com base de Barra do Bugres, Nova Olímpia e Denise, sendo que nos dois primeiros municípios estão em funcionamento usinas de álcool e açúcar, e no outro, se cultivam extensos canaviais.
Incentivos e fomento à implantação de cerâmicas, olarias, artesanato mineral, avicultura, suinocultura, horticultura, fruticultura, piscicultura e outras atividades empreendedoras são esperados pela parte interessada: os moradores locais.
Não se concebe que um grupo de municípios com distância média de Cuiabá de 200 km, cercado pelo Chapadão do Parecis, permeado por grandes usinas, ao lado da maior jazida de calcário do Centro-Oeste, seja mantido como um bolsão de miséria num estado que esbanja criatividade, produção e produtividade. Por Mato Grosso socialmente mais justo, politicamente correto e acima de tudo humano e fraterno é preciso diminuir o desnível ora existente.
