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Desembolsos de crédito seguem em ritmo lento

O ritmo de desembolso do crédito rural para a agricultura empresarial na safra 2006/07 – entre julho e janeiro – está 17% abaixo do volume apurado no mesmo período do ciclo 2005/2006#. A liberação relativa caiu de 63% para 52% do orçamento total de R$ 50 bilhões. Dados repassados pelas instituições financeiras ao Banco Central apontam que as aplicações nos primeiros seis meses do ano-safra somaram R$ 26 bilhões, 7% abaixo do volume registrado em igual intervalo do ciclo 2005/2006.

As aplicações no custeio até janeiro recuaram 6% – de R$ 24,4 bilhões para R$ 23 bilhões. Na agricultura familiar, ao contrário, houve elevação de 12% nas aplicações globais, para R$ 5,4 bilhões. De julho a janeiro da safra anterior, os desembolsos efetivos no custeio somavam 73% da programação.

No atual ciclo, apenas 56% do previsto foi aplicado. A média histórica das últimas seis safras, é de 73%. “Saiu menos dinheiro porque os produtores estão endividados, apertados, não têm mais garantias reais a oferecer para ampliar seus limites de crédito”, analisa o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. Algumas lideranças do setor começam a defender renegociações da dívidas.

Os dados do Banco Central indicam, porém, boas novidades. O ritmo do desembolso para investimentos está acima da safra anterior, o que poderia denotar uma retomada do campo. “Quando melhora a renda, melhora o risco de crédito e os investimentos começam a ser retomados”, avalia o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz. Houve, ainda, forte recuperação na captação externa do setor rural. Com crescimento superior 350% em relação ao ciclo passado, foram liberados R$ 375,9 milhões até janeiro, a maior parte destinada a investimentos. “Tudo indica que seja o efeito etanol, que puxa investimento para a expansão da cana.”

As estatísticas do BC revelam que a defasagem na liberação concentra-se nos empréstimos com recursos a juros livres. O recuo nas aplicações chega a 53% até janeiro. Foram emprestados R$ 4,74 bilhões ante R$ 10,17 bilhões da safra passada. O desembolso relativo caiu de 83% para 42% no período.

Os dados elaborados pelo Ministério da Agricultura evidenciam, ainda, que o desembolso de recursos a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional cresceu 29% no período em relação à safra anterior. O volume passou de R$ 14,2 bilhões para R$ 18,3 bilhões. O bom desempenho foi puxado pela performance da exigibilidade – a parcela de 25% de aplicação obrigatória pelos bancos no setor. Até janeiro, foram liberados R$ 11,4 bilhões dos R$ 20,4 bilhões previstos – um resultado 26% superior aos R$ 9 bilhões do ciclo passado.

O governo argumenta que o atraso na liberação de recursos para custeio não terá conseqüências mais graves para a colheita, que termina em abril. Já o setor privado vê no movimento uma tendência de redução no longo prazo.

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