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Desafios e estratégias do setor em pauta

SBA, da STAB Regional Sul, integra dez painéis de temas prioritários para a indústria do setor. Confira destaques do evento

Realizado entreos dias 23 e 24 de outubro, o 20º SBA contou com apoio do JornalCana

Palha e seus impactos na indústria, camisas perfuradas e evolução da automação 4.0. Estes foram temas que integraram os 10 painéis da 20ª edição do Seminário Brasileiro Agroindustrial (SBA).

Realizado entre os dias 23 e 24 de outubro em Ribeirão Preto (SP) pela Sociedade de Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB) Regional Sul, o evento contou com a participação de mais de 100 técnicos de unidades produtoras.

Regis Leal, diretor nacional do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) abriu o primeiro painel com o tema com o tema “Palha x Bagaço – Semelhanças e diferenças.”

Confira nesta e nas páginas seguintes destaques das apresentações do SBA, cujo tema é “A Usina em Transformação.” 

Os desafios do emprego da palha

Regis Leal, diretor nacional do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) abriu sua apresentação com a pergunta: “palha com 10% de umidade é melhor do que o bagaço com 50% de umidade?”

Ele mesmo respondeu: “a caldeira foi produzida para trabalhar com bagaço com 50% de umidade e se for usado combustível (palha) com 10% pode dar problemas.”

O especialista também alertou para outro complicador da palha, que é o teor de cloro.

“Na palha o teor de cloro é dez vezes maior que o encontrado no bagaço”, afirmou.

O bagaço tem dez vezes menos cloro, explica, porque esse é removido nas moendas ou no difusor.

Outro complicador, emenda, é o teor de cinzas. “É comum encontrar 10% de cinzas na palha, contra média de 3% no bagaço.”

Diante o quadro, o LBNR empreende estudos para viabilizar a palha nas plantas industriais sem gerar danos, por exemplo, para caldeiras projetadas originalmente para o bagaço.

Resultados de revitalização da usina

Claudemir Leonardo, gerente industrial da Usina Pitangueiras, discorreu, em sua palestra, sobre melhorias energéticas, modernização dos equipamentos e comprometimento com responsabilidade gerando autonomia. O executivo baseou sua apresentação no case da Usina Pitangueiras.  Segundo ele, a Pitangueiras decidiu investir em cogeração porque “a venda de energia faz a empresa respirar.” Já “com o açúcar e o etanol dá para pagar a conta”. Com aportes em melhorias energéticas, a unidades ampliou a capacidade de geração de 25 megawatts (MW) para 70 MW.  Entre as melhorias a utilização do software RTO S-PAA.  Por meio do S-PAA e de investimentos em melhorias em equipamentos, a unidade emprega 6,5 toneladas de vapor por MW. A modernização fez a Pitangueiras aumentar o mix para o etanol, apesar de ser uma planta tradicionalmente açucareira. Até 2018, o mix era de 77% para o açúcar – principalmente o cristal branco. Com mudanças empreendidas, a unidade chega a um mix 50% a 50%. Com adequações na destilaria e na fermentação, a unidade prevê ampliar o mix em 60% para etanol na safra 2020/21. “Uma das adequações é subir o teor alcóolico de 9,5% para 10,5%”, diz o executivo. Com medidas como essa, a Pitangueiras projeta produção diária de 800 metros cúbicos de etanol na 20/21.

Foco na manutenção de performance

A manutenção de alta performance é estratégica na gestão de manutenção, avalia Ricardo Lopes, diretor da Biosev.

Segundo ele, essa estratégia foi adotada pela companhia em 2016.

“A Biosev tinha 8 usinas diferentes no grupo, cada uma tinha uma gestão”, diz. “Foi nosso desafio, porque não adiantava entrar em automação sem a base, porque não fica sustentável.”

Investiu-se, assim, para ganhar segurança das pessoas, estabilizar a operação, entregar no prazo e dar lucro ao acionista.

Ao aportar em sistema de gestão de manutenção, a empresa investiu na pirâmide de excelência com 5 estágios.

“Como começamos em 2016, estamos no estágio 1 e 2 concluídos e trabalhamos no 3 e 4”, comenta.

Controlada pela Louis Dreyfus Company, a Biosev deverá concluir a safra 2019/20 com moagem de 27 milhões de toneladas de cana.

A perda de bagaço impacta na perda industrial

A perda do bagaço da cana-de-açúcar é um vilão potencial das perdas industriais. A avaliação é de Frederico Lourenço, coordenador corporativo Extração da Raízen.

Em sua apresentação, o executivo destacou que a perda do bagaço representa um terço das perdas industriais.

Essa perda reflete principalmente falhas na gestão dos processos. Uma moenda regulada, bem montada e operada, com pressão hidráulica correta, libera volume de bagaço 40% maior que o descrito, atesta ele. Esse resultado, emenda, confere a tese de que o volume real de bagaço que sai da moenda é maior que o montante descrito.

Unidade Cruz Alta é planta-modelo da 4.0

A unidade produtora Cruz Alta, localizada em Olímpia (SP), foi escolhida entre as 49 plantas da Tereos no mundo como planta-modelo. Ela foi escolhida dentro do programa Indústria 4.0 da companhia. “A Cruz Alta receberá e testará tecnologias que depois serão replicadas para as demais plantas da Tereos no mundo”, afirma Fernando Melo, especialista em processos e coordenador do programa. Segundo Melo, um dos desafios do programa é trazer o mundo digital para plantas antigas. “Das 49 plantas, há novas e muitas antigas, daí o desafio de implementar em diferentes níveis.”

Melo destaca, também, que há nove tecnologias principais da 4.0 que impactam as operações. Entre elas estão Integração, conectividade, robôs autônomos, IoT (Internet das Coisas), segurança da informação e trabalhar com servidores na nuvem via datacenters. 

Emprego do mel para fazer etanol

A Pedra Agroindustrial avança em projeto de produzir etanol apenas com o mel em sua unidade em Serrana (SP).

Para isso, a empresa faz uma série de investimentos e readequações na planta. Hoje, por exemplo, a empresa consegue em média processar 26 mil toneladas de cana por dia, com médios 420 quilos de vapor por tonelada (kgv/t). Esse desempenho direciona o caldo para fazer etanol. “O mercado pede biocombustível”, afirma Luís Daniel Ganzerli, gerente de Engenharia da Pedra. Com 88 anos, a unidade Pedra, em Serrana (SP), conforme Ganzerli, pretende obter consumo de vapor de 400 kgv/t em 2020. Atualmente, a média é de 420 kgv/t.

É preciso sair na frente em tecnologia, e não esperar

Diante as inovações tecnológicas disponíveis para o setor sucroenergético, a empresa precisa sair na frente.

“Antigamente, no setor, quando se tratava de inovação e tecnologia havia um mote e perguntava-se: quem está usando?”, diz José Carlos Teixeira, diretor de tecnologia industrial da Atvos.

Segundo ele, era comum primeiro esperar os resultados de empresas para depois ir atrás. “Hoje isso não é mais permitido”, atesta.

“Sair na frente, buscar captura de resultados, faz toda a diferença”, emenda. “Esperar significa perder dinheiro no longo prazo.”

Em nome da segurança do processo

Ana Oliveira, diretora da BP Bioenergia, tratou sobre processos de segurança. Dentro da palestra, comentou sobre introdução do conceito, gestão de processo e matrizes de risco de operação.

“O que é segurança do processo?”, pergunta.

“É uma disciplina para gerir processos operacionais. E, a partir desse entendimento, avalia os ativos da planta gerenciando barreiras de proteção”. Segundo ela, essa disciplina não elimina todos os perigos, “mas gerencia os riscos que são consequências.”

O gerenciamento é feito por meio de padrões de fabricantes, de engenharia, e forma equipe com cultura preventiva de segurança de processo.

Mais etanol com mesma quantidade de cana

Gualter Mendes Jardim, supervisor Produção da Usina São Francisco, destacou, em sua palestra, “fermentação inovadora maior que 92%”, com abordagem de descrição do processo, facilidades operacionais e resultados alcançados. A São Francisco, explicou, produz mais etanol com a mesma quantidade de açúcar, ou seja, com a mesma cana. Com emprego de tecnologia, ela permite redução de 11% no custo de produção em função do potencial de aumento fermentativo. Reduz também a intensidade de efeito estufa e, consequentemente, irá promover créditos de CBIOs.

Confira a matéria na edição 310 do JornalCana – Página 26

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