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Demanda por milho para etanol provoca safra recorde de cereais

O mundo e a América do Sul terão uma safra recorde de cereais em 2007 graças à demanda nos Estados Unidos por milho para alimentar as usinas de etanol que surgem a cada semana no país. A constatação é da Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas (FAO), que destaca o aumento da produção no Brasil e Argentina como parte da explicação para a marca atingida na produção agrícola mundial.

Apesar da produção recorde, a entidade ligada à ONU alerta que a fome continua atingindo de forma crítica 33 países. A projeção da entidade, publicada ontem na Europa, aponta para um aumento de 4,3% na safra de cereais neste ano, atingindo 2,08 bilhões de toneladas. A marca é 10 milhões de toneladas acima do recorde anterior, registrado em 2004.

Segundo a FAO, haverá aumento de 4,8% na produção mundial de trigo, o que fará com que colheita em 2007 chegue a 626 milhões de toneladas.

Isso ocorrerá mesmo com a queda de produção na China, que será compensada pelo aumento na Índia, Estados Unidos, México e Europa. O arroz terá produção 423 milhões de toneladas maior. Os grandes lucros virão mesmo do milho, com 1,03 bilhão de toneladas de produção e aumento de 5,6%.

A FAO estima que a América do Sul terá resultados recordes, de 108 milhões de toneladas entre todos os cereais. O crescimento será o maior do mundo, de 14%, contra o aumento médio de 1,6% nos países em desenvolvimento.

A demanda americana por milho para as usinas de etanol estaria provocando esse bom resultado. Os preços internacionais dobraram e Brasil e Argentina ainda puderam contar com um maior rendimento por hectare, além de um clima favorável. O resultado será uma safra de 89 milhões de toneladas nos dois países, 20% maior que em 2006 e superior à média dos últimos cinco anos.

O Brasil passou de 55,6 milhões de toneladas de cereais em 2005 para 58,8 milhões em 2006 e estimativa de 66,3 milhões neste ano, metade da produção da América do Sul. A Argentina terá alta de 33 milhões de toneladas para 40,3 milhões.

Nos dois países, a produção de milho terá alta de 5%. No Brasil, a produção passará de 37 milhões de toneladas em 2005 para 51 milhões neste ano. O rendimento será recorde, de 3,7 toneladas por hectare. O pico será registrado no Paraná, com 9 toneladas por hectare.

Os altos preços internacionais, diante da demanda dos Estados Unidos por etanol, estão induzindo os fazendeiros brasileiros a aumentar a área plantada na safrinha, que deve atingir área recorde de 3,8 milhões de hectares, afirma a FAO. Na Argentina, o rendimento será de 7,7 toneladas por hectare, marca que fará com que a produção de milho passe de 16 milhões de hectares para 25 milhões.

No que se refere ao trigo, a produção no Brasil deve subir de 2,4 milhões de toneladas em 2006 para 3,5 milhões. Os argentinos permanecerão em 13 milhões de toneladas. No total produzido de arroz, o Brasil deve ter queda, de 11,6 milhões de toneladas para 11,3 milhões.

Nos Estados Unidos, a área plantada aumentou em 9% graças ao etanol. A FAO prevê alta de 9% na produção de trigo, atingindo 17,8 milhões de hectares. A plantação de milho também será ampliada, de 31 milhões para 35 milhões hectares. Assim, a produção deve atingir 285 milhões de toneladas, 6% maior que a de 2006.

FOME

O que preocupa a FAO é que essa safra recorde não resolverá os problemas de alimentação de muitas regiões do mundo. Em 82 países pobres a colheita ficará estagnada e em 33 a fome será crítica. Na África, a produção de milho não consegue aumentar e a produção dos mais de 50 países é inferior à da Argentina. Isso, segundo a FAO, significa que milhões ainda dependerão de ajuda externa para se alimentar.

Outra previsão alarmante da entidade é em relação à Bolívia. As chuvas em algumas regiões e a seca em outras destruíram 200 mil hectares de lavoura, principalmente de soja. Segundo a entidade, a situação só deve se deteriorar nos próximos meses, com alta nos preços e falta de sementes.

Situação inversa vive Cuba, onde a produção agrícola promete retomar uma fase de crescimento depois de 15 anos de queda. O país deve produzir 1,6 milhões de toneladas de açúcar. Em 1990, a taxa era de 8 milhões e atingiu seu ponto mais baixo em 2006, com 1,2 milhão de toneladas

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