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Demanda por álcool motiva ampliação

Os contratos de exportação de açúcar nacional, fechados antecipadamente e que prevêem a entrega da mercadoria por até três anos, estão entre os fatores que limitam a opção das usinas de direcionar mais a moagem da cana para a produção de álcool. Estima-se que nos próximos oito anos, para atender à demanda interna e parte da externa, será necessário produzir 34 bilhões de litros do combustível limpo, contra os atuais 15,3 bilhões de litros. Com isso, a área plantada com cana deve passar dos atuais 400 milhões de hectares para mais de 600 milhões de hectares no mesmo período.

A avaliação é de lideranças da cadeia sucroalcooleira ouvidas pelo DCI. “Algumas usinas possuem contratos de exportação e entrega de até três anos e não podem deixar de cumprir esses acordos. Daí a dificuldade de alterar o mix entre a produção de açúcar e álcool”, afirma o diretor das Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop) e diretor comercial do Grupo J. Pessoa , Fernando Perri. Segundo Perri, isso justifica o fato de que a maioria dos novos projetos tem a concepção de atuar na área do álcool. Segundo levantamento do Grupo Idea , o Brasil possui hoje 331 usinas de açúcar e álcool já em operação. Os dados contabilizam todas as unidades, inclusive as localizadas fora dos pólos tradicionais: centro-sul, Norte e Nordeste. Só no oeste paulista, 30 novas unidades, cujos investimentos somam cerca de US$ 4,5 bilhões, estão em fase de implantação, com início das operações previsto para até 2010. Estima-se que juntas, as novas plantas terão capacidade para moer 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. As informações são da Udop.

Os projetos, no entanto, vão além das fronteiras do Estado de São Paulo. O grupo J. Pessoa pretende investir R$ 80 milhões em uma nova planta, com operações previstas para 2007, em Quissamã (RJ), voltada à produção de álcool. “Produziremos cerca de 350 mil litros por dia, tanto para o mercado interno, como para exportação, uma vez que estaremos próximos ao porto”, explica o executivo.

Apesar de adotar o sistema de contratos safra a safra, a direção da Usina Itamarati também já projeta intensificar a produção de álcool. “Nós acertamos compromissos por safra. Na última, 52% de nossa produção foi destinado ao açúcar e 48% ao álcool, mas nessa safra haverá uma inversão nesses índices”, afirma o diretor comercial da empresa, Erasmo Vieira.

Segundo o executivo, a empresa planeja investir cerca de US$ 30 milhões nos próximos cinco anos para aumentar sua produção e voltar aos valores alcançados na safra 2003/2004, quando foram moídas 7,5 milhões toneladas de cana. “Na safra passada, produzimos 320 milhões de litros de álcool. Nessa estimamos um recuo para 250 milhões de litros. Isso é uma questão interna, na qual estamos investindo para recompor nossa lavoura. Não está relacionada com o mercado atual, que mostra uma tendência de avanço para o álcool hidratado.”

Paraná

Segundo o superintendente da Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias, o programa paranaense de expansão do setor sucroalcooleiro pretende que o estado dobre a produção de álcool até 2008, dos atuais 1,2 bilhão de litros para 2,3 bilhão. “Atualmente o Paraná possui cerca de 370 mil hectares de área plantada com cana. Em três anos, outros 150 mil devem ser acrescentados. Com isso, produziremos mais 12 milhões de toneladas de cana, destinadas quase que exclusivamente à formulação de álcool.”

Ainda segundo Dias, as novas áreas destinadas à cultura da cana seriam oriundas da pecuária. “Não existe o risco de crescer sobre outras culturas. A pecuária atingiu um nível tecnológico que garante a produção mesmo com redução das áreas, ou seja, continuaremos exportando e aumentando a produção de carne, paralelamente ao crescimento do setor sucroalcooleiro”, explica o superintendente. O executivo da Alcopar afirma ainda que atualmente, quase toda a expansão de áreas da cultura é destinada à produção de álcool.

Açúcar

No entanto, Perri mostra preocupação em relação à possível dificuldade das usinas brasileiras em atender à futura demanda de açúcar e álcool. “A demanda por açúcar também cresce e precisamos acompanhá-la. Acredito que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deveria voltar a financiar projetos para o setor.” Informações da Udop, apontam que a demanda por açúcar no mundo cresce em média, 2% ao ano. Com isso, até 2013, o Brasil deverá produzir 35 milhões de toneladas, cerca de 31,5% mais do que as atuais 26,6 milhões. Por outro lado, a produção de álcool no mesmo período crescerá mais de 120%. Ainda segundo a Udop, caso o Japão tornasse obrigatório hoje o acréscimo de 2% de álcool à gasolina, o Brasil precisaria produzir 30 bilhões de litros para abastecer suas próprias bombas e as do país asiático.

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