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Demanda mundial indica safra açucareira

O presidente da Afocapí (Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba), José Coral, acha que a safra de cana-de-açúcar 2004/2005 vai ser mais açucareira. A quebra na produção de cana-de-açúcar na Ásia, especialmente na Índia, que deve passar de exportador a importador este ano, e a redução nos estoques de açúcar na União Européia, sinalizam com um mercado mais comprador para o produto, o que pode beneficiar todo o setor sucroalcooleiro.

Coral diz que essa perspectiva faz o setor respirar um pouco mais aliviado nesse início de ano conturbado, em que a queda acentuada nos preços do álcool combustível nas usinas, a níveis não verificados nos últimos 10 anos, deixou produtores desanimados.

“Apesar de os negócios não se efetivarem imediatamente, o cenário mundial traz um alento para toda a cadeia produtiva do setor, e favorece os canavieiros e usineiros de nossa região.”Essa tendência de mercado se confirma na análise de Cláudio Piquet Pessôa, diretor da suíça Glencore no Brasil, que aposta na redução dos estoques mundiais de açúcar de 9,8 milhões de toneladas, em outubro do ano passado, para 3,6 milhões de toneladas no mesmo mês de 2004. Ele também diz que, grandes consumidores como Índia, Estados Unidos e México estarão com estoques zerados.

José Coral percebe que até o ânimo dos canavieiros mudou, inclusive as perspectivas de plantio. “Quase todas as destilarias produzem álcool e açúcar e, é possível remanejar essa produção, de acordo com o mercado. Mas isso só pode ser feito se for garantido o abastecimento interno.”O economista Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo), diz que o problema não é nem vender bem os estoques de açúcar, mas ter destino certo para o produto, até porque os preços hoje estão baixos, balizados entre R$ 18 e R$ 20 a saca de 50 quilos. “Poucos produtores têm custo de produção inferior a esse preço. Se o ideal é vender e ter preço compatível, mais do que tudo, neste momento, o ideal é ter destino para o açúcar e com esses recursos, alavancar caixa para arcar com as despesas da safra.

`DEMANDA – Enquanto os países produtores da União Européia deverão registrar queda nos estoque de passagem do açúcar e a safra 03/04 deve ficar em 15,373 milhões de toneladas, 9% abaixo do período anterior, e a Ásia vive uma fase de quebra da safra, os estoques brasileiros de açúcar podem ter importância na formação dos preços internacionais da commodity a partir de outubro, segundo. Cláudio Piquet Pessôa. Ele entende que se os produtores brasileiros resistirem ao ímpeto de comercializar agora, terão sucesso.

Segundo a professora da Esalq Miriam Piedade Bacchi, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), responsabilizar um ou outro fator pelo momento vivido pelo mercado é prematuro. Em primeiro lugar por causa da pressão dos fundos de pensão sobre esse mercado futuro. “Além disso, porque o ano-safra internacional é diferente, vai de outubro a setembro.”

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