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Degussa anuncia reestruturação

Empresa vai reduzir divisões e planeja investimentos de € 2,3 bilhões entre este ano e 2008. A alemã Degussa, uma das indústrias com maior portfólio de especialidades e matérias-primas químicas do mundo, começa um movimento global de reestruturação que durará três anos. A empresa quer, nesse período, crescer em áreas como a de matérias-primas para plásticos especiais e de alta performance e atenuar, ou reestruturar, a atuação em segmentos como os de química fina para medicamentos e agricultura. O plano estratégico tem metas ambiciosas: aumentar a margem Ebitda para 20%, ampliar a diferença entre o custo de capital e o retorno mínimo de investimento para 2% e ampliar o Ebit entre € 300 milhões e € 450 milhões. Em 2005, o Ebit da empresa foi de € 940 milhões, com margem de 13,5%. Além disso, a Degussa quer crescer em biodiesel para indústria, item no qual vê grande mercado no Brasil.

A empresa investirá mundialmente € 2,3 bilhões entre este ano e 2008, sendo que € 800 milhões serão aplicados até dezembro. No Brasil, a Degussa anunciou a expansão da produção de catalisadores químicos em Americana (SP); e também o aumento de quase 100% na produção de negro de carbono (matéria-prima de borrachas, pneumáticos e plásticos).

A mudança do foco prevê puramente maior retorno financeiro. “Não significa que os outros setores estão ruins ou não possuem potencial de crescimento, mas queremos nos focar em nichos nos quais o retorno financeiro seja maior”, disse o presidente da Degussa no País, Peter Nagler. Ele ressaltou que isso não espelha necessariamente o mercado, mas sim a situação da empresa nessas áreas.

O vice-presidente corporativo de comunicação da Degussa, Ralph Driever, que esteve no Brasil para anunciar as mudanças globais, explicou que as divisões serão enxugadas das atuais 21 para 17 em um primeiro momento, e posteriormente para 12. “A idéia é de que os diretores estejam mais próximos das operações e as decisões sejam mais rápidas”, disse Driever. O processo de enxugamento prevê a reavaliação das fábricas. “Se temos uma unidade nos Estados Unidos e o mercado consumidor está na China, por exemplo, isso não está certo”, afirmou Nagler.

Em 2005, a Degussa registrou receita com vendas de € 11,8 bilhões. Na América Latina, as vendas geraram € 400 milhões, dos quais pouco mais de 50% ocorreram no Brasil. O ganho global da empresa sobre o capital investido foi de 9,8%, enquanto que o custo de capital foi de 9%. É essa diferença de 0,8% que a companhia alemã pretende ampliar para 2%.

Mudança acionária

A Degussa pode ter planos futuros maiores do que a reestruturação. A empresa vendeu, há alguns dias, sua maior divisão em receita de vendas, a de química para construção, para a também alemã Basf, maior companhia química do mundo. A venda foi estratégica, já que a divisão não está entre os setores com pouco potencial de retorno financeiro.

A Degussa é controlada pelo conglomerado industrial alemão RAG, que vai comprar os 50% restantes da empresa – que inclui 42,8% da E.ON (companhia alemã que atua com geração de energia) e 7,04% de ações pulverizadas no mercado. Segundo Driever, a RAG concordou em vender a divisão de química para construção com o objetivo de alavancar dinheiro para a compra da totalidade das ações.

“Ela precisou fazer a venda para comprar a totalidade da Degussa”, disse. A Basf pagou € 2,2 bilhões pela divisão, que representa no mundo, e também da unidade brasileira, mais de 20% da receita da empresa. De acordo com o executivo, a RAG possui negócios com geração de energia, no ramo imobiliário e a Degussa.

Superabsorventes

A Degussa fechou também na última semana um acordo de compra da área de superabsorventes (gel para fraldas, absorventes, móveis e várias outras utilizações na indústria) da Dow Chemical, maior química dos Estados Unidos. É uma das áreas nas quais a empresa quer obter maior participação. “O mercado de superabsorventes vem crescendo significativamente nos últimos anos. O desenvolvimento do Leste Europeu e América Latina, particularmente, é promissor”, disse o presidente da diretoria mundial da Degussa, Utz-Hellmuth Felcht.

No setor de biodiesel, a Degussa investirá, em quatro anos, € 50 milhões em pesquisas sobre biotecnologia. “Estamos estudando a viabilidade de um projeto para desenvolver novas oportunidades no campo da biotecnologia no País. O investimento global da Degussa é importante já que o Brasil possui um potencial de consumo de 800 milhões de litros ao ano de Biodiesel”, disse Nagler.

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