Déficit faz Bunge repensar estratégia de mercado

Com cinco usinas em operação, a Bunge Ltd entrou no mercado sucroenergético há quatro anos, época em que o segmento estava em plena expansão. Contudo, os ventos mudaram e o preços caíram, fazendo com que a companhia passe por um período conturbado.

No terceiro trimestre em suas operações de açúcar, a Bunge registrou prejuízo liquido de 137 milhões de dólares, ocasionados pelo mau tempo e também pelos baixos preços globais. Soren Schroder, novo presidente-executivo da empresa, disse que a companhia passa, a partir de agora, a explorar suas opções, inclusive a venda, do negócio deficitário.

Para Julio Maria Martins Borges, diretor executivo da JOB Economia, é preciso ter calma neste momento. “O setor sucroenergético, como todo outro agrícola, têm ciclos de preços altos e baixos. A atual situação é de preço baixo, principalmente no caso do açúcar. A Bunge entrou no negócio em um momento de preços altos e por isso pagou relativamente mais pelos ativos que adquiriu. Na média de longo prazo o setor é rentável, então não sei se sair do mercado seria a melhor opção”, explica.

Ao todo, foram investidos 1,5 bilhoes de dólares, valor que, de acordo com o consultor, pode ser recuperado com o passar do tempo. “O setor oferece um retorno adequado sobre capital investido, mas isso na média. Faz quatro anos que a Bunge entrou no mercado e esse tempo não é suficiente para caracterizar a real rentabilidade do negócio. Existe um processo de maturidade dos investimentos, que estão em franca expansão. Se você soma uma fase de investimento pesado e preço braixo, querer lucro é querer muito. Os preços normalmente voltam para níveis razoáveis, faz parte do ciclo”, finaliza.

Mais de 40 usinas menores no Centro-Sul do Brasil já foram vendidas ou fecharam nos últimos anos devido às perdas operacionais e dívidas crescentes.