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Defesa do etanol não convence

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acumulou frustração também na forma como foi tratada a sua outra prioridade na reunião de cúpula do G-8 e das seis economias em desenvolvimento, o G-8+6. Sua proposta de investir na criação de um mercado mundial para o etanol, o biodiesel e o H-Bio perdeu-se nas entrelinhas do documento adicional dos líderes reunidos ontem em São Petersburgo.

O relator do encontro, Sergey Prikhodko, deixou claro em seu parecer que houve respaldo na implementação do Plano de Ação definido no dia anterior, exclusivamente pelo G-8 (os sete países mais industrializados, somados à Rússia), e indicou que o grupo prefere a energia nuclear como alternativa. Nenhum destaque especial foi dado aos combustíveis renováveis tão caros ao governo brasileiro.

Em seu encontro reservado com o presidente George W.

Bush, na manhã de ontem, Lula havia destacado a importância desses combustíveis, todos produzidos no Brasil, nos debates sobre a segurança energética – um dos tópicos centrais das discussões em São Petersburgo.

Chegara a fazer um convite a Bush para formalizar uma parceria entre Brasil e Estados Unidos em torno dessa questão e a lhe entregar uma pasta com informações sobre os projetos brasileiros.

A reação máxima de Bush foi deixar-se fotografar segurando o material, cuja capa trazia um detalhe da bandeira brasileira.

Mais moderadamente, no início da noite, Lula levou outra pasta para seu encontro privado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Mas evitou entregála diante dos jornalistas. Em seguida, embarcou de volta ao Brasil sem dar uma palavra em público sobre o assunto.

O relato de Prikhodko deixou claro que o G-8+6 reproduziu o mesmo enfoque da reunião do G-8, no domingo. Os líderes reunidos preocuparam-se mais em dar um sinal tranqüilizador ao mundo, depois de colhidos os impactos da crise no Oriente Médio sobre os preços do petróleo. Ou seja, reforçaram que é preciso lidar com a questão energética com transparência, previsibilidade e estabilidade e que se faz necessário investir na cadeia de abastecimento e na diversificação das fontes de energia – sem assinalar os programas defendidos por Lula.

O único segmento grifado foi o nuclear. Com exceção da Alemanha, todos os países do G-8 preferem o desenvolvimento dessa alternativa, que consideram como uma contribuição para a segurança energética mundial e a redução da contaminação do ar.

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