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Defasagem menor em preço favorece Petrobras

O cenário virou e as expectativas com relação a um reajuste nos preços da gasolina – que chegou a ser cogitado por analistas do setor de petróleo nos últimos dois meses – perderam um pouco de força. Após dois meses sendo vendida com uma defasagem de 10% em relação aos preços externos, os preços da gasolina no mercado interno ainda não zeraram as perdas, mas recobraram um pouco do fôlego em agosto, ajudados pela queda dos preços internacionais do petróleo. Segundo especialistas, a desvantagem do combustível deve ficar entre 4% e 5% no mês.

Além do cenário menos negativo para os preços da gasolina, analistas indicam ainda que a vantagem na venda do diesel – o combustível mais relevante no faturamento da Petrobras – deve aumentar. A estatal já vinha vendendo o diesel acima dos preços externos desde o início do ano, mas o movimento perdeu um pouco de força entre maio e junho.

Para agosto, nas contas da GO Associados, o diesel deve ser vendido 29% mais caro no mercado interno em relação ao mercado internacional, a R$ 1,72 o litro, ante R$ 1,34 (o preço externo convertido em reais). A vantagem é superior à diferença de 25% alcançada em julho e o maior nível desde fevereiro.

Para a gasolina, a GO espera que a Petrobras venda o combustível 4% mais barato no mercado interno em agosto, a R$ 1,44 em relação aos R$ 1,50 praticados externamente. A diferença corresponde a uma desaceleração em relação à desvantagem de 9% em julho e de 10% em junho. Assim como os preços do diesel, o preço da gasolina também acompanha a variação do petróleo no mercado externo. A gasolina, porém, vem sofrendo pressões adicionais pela maior demanda do mercado americano, daí a diferença expressiva com relação aos preços do diesel.

Fabio Silveira, diretor de pesquisas econômicas da GO Associados, descarta, ao menos por enquanto, a possibilidade de equiparar os preços da gasolina aos preços externos, mas ressalta que o quadro atual já é favorável à Petrobras. “A estatal se beneficia bastante com esse quadro, sem dúvida”, diz Silveira.

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Nas contas da Tendências Consultoria, a desvantagem na venda da gasolina deve ser de 5,2% na média de agosto, uma melhora se comparada à defasagem de cerca de 10% registrada em julho. Ao longo da última semana, a defasagem chegou a encostar nos 2,6%. Para o diesel, a consultoria espera uma vantagem menor do que a esperada pela GO Associados, mas ainda robusta, de 18,1%, na média de agosto, em relação aos 17,1% registrados em julho.

Para Walter de Vitto, analista de energia da Tendências, a Petrobras pratica uma espécie de “subsídio cruzado” entre os combustíveis, com os preços mais altos do diesel compensando os mais baixos da gasolina. Além de ganhar com o “mix de produtos”, diz Vitto, a estatal se beneficia também no volume, já que vende mais diesel do que gasolina.

Na avaliação de Vitto, no entanto, esse quadro não afastaria a necessidade de uma alta nos preços da gasolina pela Petrobras. “Na nossa avaliação, caberia um realinhamento nesse momento para regularizar a situação, já que a Petrobras ainda tem a receber daquela fase, de 2011 a 2014, quando perdeu com a desvantagem externa”, diz.

O analista lembra ainda que o cenário de preços mais baixos da gasolina no mercado interno também tem outros efeitos importantes, ao atingir, por meio da competição, de maneira desfavorável o mercado de etanol, que tem aumentado a produção nos últimos dois anos

Vitto, no entanto, avalia ser menos provável que isso aconteça em meio à queda do petróleo no mercado internacional registrada há semanas. Na sexta-feira, os preços do petróleo WTI nos EUA fecharam em alta depois de atingirem ao longo do dia o nível mais baixo em mais de seis anos e meio. No dia, o petróleo WTI para entrega em setembro fechou a US$ 42,50 o barril, depois de atingir o piso de US$ 41,35. Preocupações com a China e o excesso de produção explicam a trajetória.

Fonte: (Valor)

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