Mercado

Decisão sobre etanol sai hoje

Governo e usineiros discutem hoje em São Paulo o fim da barreira tarifária imposta ao etanol produzido fora do país. A medida, se adotada, permitirá ao Brasil comprar em grandes quantidades — especialmente dos Estados Unidos — e, com isso, reequilibrar o mercado interno. Há seis meses consecutivos os preços do combustível fabricado à base de cana-de-açúcar sobem sem parar nas destilarias, nas distribuidoras e nos postos. Atualmente, a taxa sobre o etanol estrangeiro é de 20%.

O pedido pela liberação da importação partiu dos próprios produtores há duas semanas. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as grandes usinas, nega que a demanda esteja relacionada à supervalorização do etanol nacional. De acordo com a entidade, a ação simboliza apenas a ! defesa do livre comércio. Caso seja aprovada, a importação só terá efeitos a partir de abril deste ano.

Em 1996, 1997, 2001 e 2002, o Brasil comprou etanol carburante de países como Argentina, Alemanha, México, África do Sul, Suíça, Finlândia e Rússia. No momento, porém, é o mercado americano o mais competitivo do mundo. A safra de etanol obtido a partir de milho nos Estados Unidos está no auge e o custo de produção é baixo — cerca de metade (em dólar) do que o nacional.

Marcelo Andrade, diretor executivo da Ecoflex Trading, diz que é preciso analisar o cenário com cuidado. “Se você olhar só a importação do produto, parece ser algo negativo. Mas não é. Vejo uma via de mão dupla aí. Brasil e Estados Unidos podem estar homologando uma negociação”, resume. Para o especialista, o movimento pela derrubada da tarifa é “muito mais político do que operacional”. Andrade, assim como parte dos usineiros nacionais, acredita que no longo prazo os Estados Unidos também deverão reti! rar a barreira ao etanol brasileiro (2% sobre o valor e US$ 0,54 por galão — 3,78 litros).

A reunião de hoje será coordenada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Também vão participar representantes do Ministério da Agricultura. Ontem, o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, disse que prefere “arrumar soluções internas”, mas não descarta a importação. Internamente, o governo teme que a entressafra provoque desabastecimentos em algumas regiões do país ou novas escaladas de preços ao consumidor.

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