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Decisão está com o consumidor

A tecnologia dos bicombustíveis pôs nas mãos do consumidor a decisão sobre qual produto vai abastecer seu carro, tendo como base um controle infalível: o bolso. Diante disso, é fácil entender como a alta pontual dos preços do álcool nos postos vai se resolver sem a necessidade de intervenção do governo.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que o governo tem mecanismos para intervir, caso os preços continuem elevados. Ele se esqueceu de mencionar que, quando os preços estavam abaixo do custo de produção, no primeiro semestre, os instrumentos do governo não foram usados para amparar o setor.

O preço alto do etanol no mercado interno tem sido atribuído ao fato de as usinas estarem produzindo mais açúcar, em razão do aumento dos preços internacionais. Mas essa é só parte da verdade. O total de cana que está sendo direcionado à produção de etanol continua maio! r que o utilizado na produção de açúcar, embora o volume seja inferior ao da safra anterior.

As usinas também enfrentam limitações tecnológicas para uma rápida alteração do mix de produção. Além disso, cerca de 20 novas usinas entraram em operação nesta safra produzindo apenas álcool combustível.

Quando a safra teve início, em março de 2009, no auge dos efeitos da crise no setor, as usinas tiveram que vender todo o etanol produzido para fazer caixa, já que o crédito bancário desapareceu. O governo acenou com um financiamento de estoques vinculado ao crédito das empresas. Pouquíssimas empresas conseguiram o financiamento por estarem justamente sem crédito.

O etanol que estaria nos tanques de armazenagem, se houvesse uma política que garantisse a estocagem, foi desovado no mercado, derrubando os preços para um nível abaixo do custo de produção, chegando perto dos R$ 0,50 por litro ao produtor no Estado de São Paulo, o menor nível desde 2007. Na bomba, o etanol hidratado, que abastece os carros flex, chegou a custar R$ 0,99 por litro.

Além disso, as chuvas na região produtora do Centro-Sul a partir de julho, quase sem interrupção, têm atrapalhado o bom andamento da colheita, interrompendo a produção tanto de etanol como de açúcar. De uma previsão de colheita inicial, no Centro-Sul, de 550 milhões de toneladas, o sentimento atual é que cerca de 520 milhões de toneladas serão colhidas. Como muitas usinas também reduziram a moagem por problemas financeiros, a expectativa é que mais de 50 milhões de toneladas de cana deixarão de ser colhidas na safra atual.

Em relação aos preços do etanol, mesmo estando em média, no Estado de São Paulo, custando R$ 1,48 por litro, o combustível renovável ainda precisa subir 14% para que a gasolina fique mais competitiva.

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