Mercado

De olho no álcool

A visita do primeiro ministro japonês na semana que passou à Usina São Martinho de Pradópolis cria uma nova expectativa para os produtores de álcool e plantadores de cana da região: é que o Japão estuda há três anos a importação de álcool do Brasil, para reduzir sua dependência de petróleo e a poluição atmosférica. O primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi veio ver de perto a produção de cana, açúcar e álcool da Usina, acompanhado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pelo governador Geraldo Alckmin, e também do secretário da Agricultura, Duarte Nogueira Júnior, e do presidente da União da Agroindústria Canavieira (Unica), Eduardo Carvalho.

De helicóptero, Junichiro Koizume sobrevoou durante 45 minutos canaviais da região agrícola de Pradópolis, Guatapará, Gavião Peixoto e Matão. Em seguida, na área industrial, conheceu o processo de moagem de cana, o setor de carregamento de açúcar em “big bags” de mil quilos.

A São Martinho, cooperada da Copersucar, deverá moer nesta safra. 6,7 milhões de toneladas de cana, com produção estimada de cerca de 8,7 milhões de sacas de 50 quilos de açúcar e 280 milhões de litros de álcool.

“O álcool brasileiro nos interessa porque é bom para o meio ambiente”, disse Koizumi. O Brasil exportará este ano 150 milhões de litros de álcool para fins industriais ao Japão. E o país já adotou a mistura de 3% do álcool combustível à gasolina, como experiência e para atender os termos do Protocolo de Kioto. “Apenas com essa medida, abre-se um mercado potencial exportador de 1,8 bilhão de litrospor ano, mas se a mistura chegar a 10%, a necessidade será de 10 bilhões de litros”, calcula Eduardo Carvalho.O primeiro ministro japonês aproveitou o sobrevôo sobre Guatapará para cultuar a memória dos primeiros imigrantes japoneses que chegaram à região, a partir de 1908: ele jogou flores de um ramalhete sobre a cidade, onde ainda vive parte das famílias descendentes de imigrantes japoneses e que os recebeu no início do século passado para cuidar da lavoura de café.

Mar de cana

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que quis mostrar a ele “um mar de cana que produz um rio de álcool todos os dias”, o que garante o abastecimento permanente do mercado japonês. Segundo o ministro, eles sabem que a alta do petróleo está numa escalada muito forte e outras fontes de energia são necessárias. Rodrigues lembra que em julho, anunciou parceria entre os governos dos dois países para investir US$ 600 milhões no desenvolvimento de biocombustíveis no Brasil, 50% garantidos pelo Banco do Japão para Cooperação Internacional.

O governador Geraldo Alckmin lembrou que o Estado é o maior produtor de álcool do Brasil e do mundo e o Japão precisa de álcool combustível para cumprir a legislação que exige a mistura de 3% à gasolina.

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