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De grão em grão, EUA formam sua própria Alca

Enquanto os esforços para desemperrar a Rodada Doha da OMC caminham em marcha à ré, os EUA avançam na criação de uma Alca paralela, costurando acordos bilaterais. Já assinaram com o Peru e com a Colômbia e estão em negociação com Equador e Bolívia. Para Michel Alaby, isso significa que o interesse do governo Bush na Alca acabou: praticamente todos os países sul-americanos estão negociando acordos comerciais, com exceção do bloco do Mercosul e da Venezuela. Pedro de Camargo Neto, ex-secretário do Ministério da Agricultura, vai além: para ele essa sempre foi a estratégia prioritária dos EUA. A saída do Brasil das negociações da Alca só facilitou e legitimou essa opção.

Mas quais as vantagens desses acordo bilaterais? A conversa entre Washington e Bogotá, que demorou 21 meses, se concentrou no relacionamento comercial de US$ 14 bilhões entre os dois países. O que representa cerca de 60% do comércio americano com os países andinos e um movimento quatro vezes menor que as trocas comerciais entre Brasil e EUA. Segundo Alaby, a área agrícola foi a mais difícil de ser negociada, sobretudo a definição das cotas de açúcar e frangos. Já no âmbito da indústria, os EUA liberaram mais de 95% de seu mercado para produtos industriais colombianos e a Colômbia liberou 80%, com um cronograma de redução linear do imposto de importação.

Como isso se reflete no Brasil? Segundo Alaby, tudo vai depender das perdas de preferências existentes nos tratados firmados entre o Mercosul e os países da Comunidade Andina (Colômbia, Peru, Equador). Afinal, os EUA terão também preferências tarifárias, por vezes superiores às oferecidas aos produtos brasileiros. Por conta disso, acredita que as empresas brasileiras precisam rever urgentemente suas estratégias em relação aos países do continente: as vantagens comerciais dos acordos no âmbito da Aladi estão se exaurindo e aumentando a competitividade dos produtos americanos. “Talvez fosse interessante estabelecer parcerias com empresas locais, transferindo parte da produção, abrindo filiais ou outra forma de marcar presença nos mercados latinos”, sugere o consultor.

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