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DAVOS-EUA, UE e Brasil se acusam por impasse sobre comércio

DAVOS, Suíça, A União Européia, os Estados Unidos, o Brasil e outros importantes países se recusaram nesta quinta-feira a aceitar a culpa pela paralisação das negociações comerciais em um momento em que há novas tentativas para acabar com o impasse.

Três meses antes da data limite para capítulos chave de um acordo negociado na Organização Mundial do Comércio (OMC), negociadores europeus, norte-americanos e brasileiros não mostraram sinais de terem diminuído suas divergências.

O comissário comercial da UE, Peter Mandelson, afirmou que os EUA e o Brasil, ambos grandes exportadores de produtos agrícolas, se arriscam a enterrar a rodada ao insistirem que a Europa deve fazer mais uma proposta sobre agricultura.

“Chegou-se ao ponto em que seria derrotar a si mesmo. Está levando essa rodada para o chão”, disse ele a jornalistas.

“Se a União Européia sair desta rodada comercial agora, e nós não queremos isso… mas se fizermos, não perderíamos quase nada porque economicamente nós não recebemos nada de nossos parceiros comerciais.”

O representante comercial dos EUA, Rob Portman, que assim como Mandelson tem fortes pressões domésticas, afirmou que a Europa tem de vir com uma proposta melhor sobre agricultura como parte de um impulso global para reduzir as tarifas.

Ele disse que não seria suficiente para a UE fazer concessões sobre produtos agrícolas “sensíveis”, que Bruxelas quer proteger dos cortes mais profundos.

“Eu não acho que podemos atender às exigências (da rodada da OMC) sem uma fórmula para reduções de tarifas globalmente que criam um novo acesso de mercado”, disse Portman a jornalistas. “Eu não acho que você pode fazer isso apenas com produtos sensíveis.”

A OMC esperava terminar a maior parte das negociações mais difíceis para a rodada no encontro ministerial de Hong Kong, em dezembro.

Mas as divisões continuaram profundas demais, principalmente sobre a agricultura, e o órgão composto por 149 membros estabeleceu um novo prazo para o fim de abril –quatro anos e meio após a rodada ser iniciada.

O UE deseja que até 8 por cento do seu mercado agrícola sejam considerados sensíveis. Os críticos, no entanto, dizem que isso pode cobrir a maior parte dos produtos de interesse para os exportadores, como carne, laticínios e açúcar.

REUNIÃO

Mandelson, Portman e ministros da área comercial de cerca de 20 outros países devem se reunir na sexta-feira e no sábado durante o Fórum Econômico Mundial no resort suíço de Davos.

Nesta quinta-feira, Mandelson novamente descartou qualquer movimento de Bruxelas sobre a agricultura até que os países em desenvolvimento, principalmente Brasil e Índia, ofereçam mais cortes de impostos sobre artigos industriais, como produtos químicos e carros europeus.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou não estar planejando uma nova manobra em Davos.

“Eu não vim com nenhuma idéia nova”, disse ele a jornalistas. “Eu não estou esperando qualquer progresso aqui. É realmente para acertar os procedimentos.”

Veterano de negociações comerciais na condição de ex-embaixador brasileiro na OMC, Amorim disse que ainda há tempo para um acordo.

“A essência da negociação é que ela cria uma dinâmica de forma que as coisas que pareciam impossíveis se tornam possíveis no final.”

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