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Custo faz álcool avançar na aviação agrícola do País

Mais da metade da frota de aviação agrícola brasileira está voando com motores movidos à álcool. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civi, l da frota de cerca de 1.200 aeronaves agrícolas, 800 são movidas a álcool, embora menos de 100 estejam regularizadas para operarem com este combustível.

Como a recente descapitalização dos agricultores se refletiu na aviação agrícola, a maior parte das operadoras tem procurado frear custos realizando a conversão de motores, originalmente de gasolina de aviação, na clandestinidade. “A gasolina pode sair até seis vezes mais cara, dependendo da região”, justifica o coordenador de aviação agricola da Anac, Ajax Mendes Corrêa. O órgão é responsável pela fiscalização das dacondições das aeronaves no país.

O mecânico Daniel, que não revela o sobrenome, diz ter trabalhado na conversão de motores de gasolina para etanol de mais de 80 aviões nos últimos cinco anos – sobretudo de empresas de regiões canavieiras como o interior de São Paulo e o Triângulo Mineiro, onde a demanda por pulverização aérea é grande. “Com o kit homologado da Embraer, a conversão pode custar até R$ 70 mil reais. No nosso caso, o valor sai pela metade”, diz ele. De acordo com Daniel, a procura pela adaptação ilegal aumentou 40% nos últimos dois anos.

Conversão caseira

A conversão é feita muitas vezes de maneira caseira e, sem adotar padrões rígidos de segurança, pode colocar em risco a vida de quem pilota a aeronave irregular. Essa possibilidade, no entanto, não impediu que um piloto credenciado de Goiás, de 22 anos, conduzisse durante seis meses um avião movido a álcool não certificado. “Sei que há risco porque o álcool é altamente corrosivo. Mas o funcionamento do motor fica muito mais regular”, revela o jovem, filho de um proprietário de uma empresa de aviação agrícola goiana. “Hoje não trabalho mais com o motor alterado por causa da fiscalização. Se confirmada a conversão ilegal, o avião pode ficar interditado até seja regularizado”, explica.

A Embraer é a única empresa fabricante brasileira autorizada a vender o kit de conversão para álcool do avião agrícola Ipanema, líder em vendas e que responde por aproximadamente 70% da frota nacional neste segmento. O preço do pacote da fabricante é de US$ 27 mil dólares, sem incluir os gastos com oficina. A empresa informa ter rebido 130 pedidos de conversão desde 2004 até o momento e que “trabalha com forncedores de equipamentos aeronátucis certificados, atendendo a requisitos nacionais e internacionais de homologação”.

Migração aérea

Acuadas pela crise da sojicultura no Mato Grosso, empresas aeroagrícolas do estado têm migrado em direção a importantes pólos do setor sucroalcooleiro, em São Paulo e Minas Gerais. No último ano, a maior oferta de serviços de pulverização aérea em regiões como de Ribeirão Preto e do Triângulo Mineiro fez com que os preços cobrados pela aplicação de maturadores, despencassem, em alguns casos, até 40%.

“Enquanto eu recebia R$ 23 a cada hectare pulverizado, com vazão de 30 litros, as matogrossenses chegaram oferecendo o mesmo trabalho a R$ 14”, queixa-se o gerente da Águas Claras Aviação Agrícola, Ricardo Pereira, de Santa Juliana (MG). Ele acusa as operadoras matogrossenses de utilizarem aviões movidos a álcool sem a devida homologação. “Por isso conseguem manter a lucratividade”, justifica. Segundo o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, Josém Ramon Rodrigues, há casos de empresa com 50% de inadimplência no estado.

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