A safra 2020/21 caminha para o final da colheita com bons níveis de preços tanto para açúcar quanto para etanol afirma o relatório AgroMensal produzido pelo Itaú BBA, divulgado recentemente.
Segundo a publicação, a percepção de um balanço global de açúcar próximo ao equilíbrio na safra atual em função de uma expectativa de volta do consumo de açúcar aos níveis de antes da pandemia, o que deve ser suficiente para absorver parte do crescimento esperado da produção, tende a dar sustentação às cotações futuras do açúcar.
.Ainda sob a ótica dos países produtores, o relatório aponta que o governo indiano anunciou que manterá o subsidio da safra 2019 /20 até dezembro deste ano. O auxílio aos exportadores de açúcar é equivalente em cUSD 6,50/lp.
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“Levando em consideração esse patamar de subsídio, a cotação do adoçante precisaria alcançar níveis acima de cUSD 14/lp para se tornar atrativa aos embarques indianos. Isso parece ser um teto para as cotações, dado que acima desses níveis a Índia adicionaria volumes expressivos ao comercio global”, elucida o banco, completando que o espaço para maiores quedas alcançaria os cUSD 11 /lp, paridade de preço para o estimulo de produção para etanol no Brasil.
O relatório mostra também que o prêmio do branco continua acima de USD 80/ton, valor que mantém atrativo o refino do bruto, e, portanto, estimula a aquisição por países que possuem capacidade industrial de produção do açúcar branco.
Já sob o ponto de vista dos contratos de outubro, as entregas físicas foram recordes, tanto para o branco com 346 mil toneladas entregues, como ao demerara, que acumulou 2,62 milhões de toneladas.
De acordo com o ItaúBBA, a interpretação desse fato não está clara, pois, se de um lado a entrega em bolsa sugere uma fraca demanda, por outro, há aqueles que argumentam que o momento atual possibilita que o recebedor se beneficie dos ganhos do carregamento entre as telas de outubro/20 e março21
“A curva futura dos preços do açúcar tende a permanecer atrativa às usinas para fixações para a as próximas safras. Contudo, a elevada posição comprada dos fundos e uma valorização do Real podem impactar os níveis de preços em tela”, afirma a instituição.
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No caso do etanol, as cotações do biocombustível hidratado tiveram alta 1,7% em setembro, e se mantiveram acima de R$ 1.800/m3. O fluxo de compras do biocombustível pelas distribuidoras e a busca das usinas por preços melhores, o que desestimulou a disponibilidade total do produto ao mercado, ajudam a explicar essas elevações das cotações.
Os fatores ajudaram a minimizar os impactos da queda do preço da gasolina na impostos pela Petrobrás em setembro. Apesar da última correção positiva, os preços da gasolina fecharam o mês 8,7% menores do que os vistos em agosto na refinaria. Entretanto, o estudo indica que, com os patamares atuais de câmbio e petróleo, ainda há espaços para ajustes positivos de preços do combustível na refinaria, o que favoreceria o etanol.
O relatório aponta ainda que o consumo do biocombustível também tem se recuperado gradualmente. Segundo a ANP, foram comercializados 2,36 bilhões de litros de etanol no mês de agosto,14,2 % a menos do que no mesmo mês do ano anterior. Contudo, essas diferenças mensais em relação ao ano anterior têm se reduzido ao longo dos meses após a pandemia, muito em função da flexibilização das quarentenas.
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Outro destaque foi o aumento do consumo do hidratado frente ao mês de julho que cresceu 3,6%, enquanto a gasolina diminuiu 1,6% no mesmo período. Esse crescimento refletiu na participação do hidratado em 27,4% das vendas totais de combustíveis do Ciclo Otto.
“Com a continuidade do afrouxamento social o consumo tende a seguir crescendo nos próximos meses. Isso somado à menor oferta do etanol poderá abrir espaço para aumentos adicionais dos preços do biocombustível”, conclui o banco.