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Cúpula trilateral: agenda de intenções sem metas práticas

Força tarefa para estimular o uso de etanol e biodiesel; cooperação para a energia nuclear. O encontro entre os chefes de Estado de Brasil, Índia e África do Sul terminou ontem com uma extensa lista de intenções, mas sem metas concretas para os próximos anos. Pela primeira vez reunidos oficialmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, evitaram colocar no papel objetivos numéricos ou compromissos de investimentos.

No protocolo de intenções, o destaque ficou por conta do setor de energia. Singh e Mbeki mostraram-se encantados com os combustíveis alternativos produzidos no Brasil e criaram a Força-Tarefa Trilateral sobre Biocombustível, que, segundo declaração conjunta divulgada depois do encontro, estimulará o uso de etanol e do biodiesel em veículos nos dois países. “A cooperação poderá ser efetiva se utilizarmos nossa força para a energia alternativa”, disse o primeiro-ministro Singh.

Além disso, os três países querem aumentar a cooperação para o uso de energia nuclear. A declaração conjunta, no entanto, não explica como isso será feito. Lula disse que os três países finalmente “se descobriram”. Em campanha pela reeleição, aproveitou o encontro para alfinetar os governos anteriores. “Ainda não conseguimos todo o nosso intento, mas fizemos muito mais do que nos últimos anos”, disse. “Estávamos de costas para o sul. Se tivéssemos essa relação antes, nossos países estariam muito mais desenvolvidos agora.”

Depois de mais de cinco horas de reunião, o presidente Lula afirmou que essa foi a mais “densa” reunião já realizada em seu governo.

Os três presidentes voltaram a pedir que os Estados Unidos e a União Européia concordem em cortar os subsídios agrícolas para fazer avançar a chamada Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Singh mostrou preocupação em tirar resultados práticos do encontro. Pediu o aumento de investimentos e cobrou que os três países aumentem o comércio entre si. “Precisamos perseguir a meta de US$ 10 bilhões em comércio trilateral que colocamos em 2004.”

O volume comercial entre os três países é hoje de US$ 3 bilhões. Um dia depois de elogiar Lula, Singh citou Juscelino Kubitschek e pediu um crescimento de “Cinquenta anos em cinco” para os três países. Uma nova reunião entre os três chefes de Estado foi marcada para o ano que vem, ainda sem data, no país africano.

Cooperação empresarial

O presidente Lula, o primeiro-ministro da Índia e o governante sul-africano fizeram um apelo a empresários dos três países para que explorem novas formas de cooperação e comércio, levando a um fortalecimento de suas respectivas economias.

Os líderes participaram ontem, em Brasília, da 1 Reunião de Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) que reuniu empresários dos três países. Lula pediu aos presentes que ajudem a “transformar esta sintonia política entre os governos em melhorias para a vida dos povos”, mediante o fortalecimento do comércio. Para ele, “o fato de os líderes estarem presentes junto com empresários é uma afirmação pública de que se acredita na relação Sul-Sul”.

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