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Cúpula sul-americana discute etanol brasileiro

PORLAMAR – O etanol é o principal assunto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva trazem para a 1ª Cúpula Energética Sul-Americana, que começa nesta segunda-feira na Venezuela.

Presidentes e ministros dos países da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) negociam até terça-feira uma declaração conjunta sobre o tema energético.

O etanol brasileiro tornou-se recentemente um divisor de opiniões, principalmente entre Brasil e Venezuela.

Desde que anunciou uma parceria com os Estados Unidos no setor de biocombustíveis, no começo de março, o Brasil tem sido alvo de críticas do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Ele diz que o crescimento da produção de biocombustíveis no mundo pode levar a um aumento do preço dos alimentos.

Na semana anterior ao encontro de presidentes sul-americanos, Chávez recuou e disse que “não lutará contra o Brasil e não lutará contra Lula” na questão dos biocombustíveis, mas afirmou que a substituição de gasolina por etanol, proposta pelo presidente americano George W. Bush, é uma “loucura”.

Agora, Lula e Chávez levam o debate dos biocombustíveis ao âmbito da Comunidade Sul-Americana, união de todos os países do continente.

Estão confirmadas as presenças de onze presidentes sul-americanos à Cúpula Energética – que acontece na cidade venezuelana de Porlamar, na ilha caribenha Isla de Margarita. Apenas o Uruguai enviou o vice-presidente.

Opep do Gás e Gasoduto

Além do etanol, a reunião da Casa tenta avançar em outras frentes, como a criação do Banco do Sul, a formação de um grupo similar à OPEP de países produtores de gás natural e a construção do Grande Gasoduto do Sul, que ligaria o continente de Caracas à Patagônia.

As três propostas são defendidas pela Venezuela.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou no sábado, durante visita aos Estados Unidos, que o Brasil pretende ingressar no Banco do Sul. Até recentemente, o Brasil vinha resistindo à idéia.

A Cúpula Energértica – a primeira do tipo realizada no âmbito da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) – é uma tentativa de começar o processo de integração entre todos os países do continente através do tema da energia. O slogan oficial do encontro é “Por uma união do Sul”.

Desde a última reunião de chefes de Estado da Casa, em dezembro, foram criados seis subgrupos de trabalho no Grupo de Energia do bloco, sobre petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia elétrica, energias alternativas e diagnóstico e balanço energéticos.

No domingo, antes da chegada dos chefes de Estado, diplomatas dos países da Casa estiveram reunidos em Porlamar para esboçar uma declaração conjunta e estratégias de ação do bloco.

Segundo o ministro venezuelano de Energia e Petróleo e presidente da estatal PDVSA, Rafael Ramírez, as ações da Casa deverão contemplar contratos de parcerias bilaterais já vigentes na América do Sul.

“Queremos que haja oportunidade de complementar as atividades e requerimentos energéticos da região, e isso é um dos temas que vamos discutir”, disse Ramírez à imprensa em Isla de Margarita.

Desconfortável

O presidente Lula chega à ilha na segunda-feira à tarde, acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e de Minas e Energia, Silas Rondeau.

Pela manhã, Lula se encontra com Hugo Chávez na cidade venezuelana de Barcelona, onde será lançado um projeto petroquímico envolvendo empresas dos dois países.

Ainda nesta segunda, Lula deve ter um encontro bilateral com o presidente boliviano, Evo Morales.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, permanecerá na Venezuela após a Cúpula, para visita oficial ao país. A imprensa venezuelana destacou no domingo o clima desconfortável do encontro entre autoridades venezuelanas e chilenas.

Recentemente, Chávez disse que o Senado chileno é controlado pela “direita fascista”, depois que parlamentares chilenos aprovaram um protesto do país na Organização dos Estados Americanos (OEA) contra a anunciada suspensão da concessão da emissora Rádio Caracas Televisión.

Outra presença esperada em Porlamar é a do presidente equatoriano Rafael Correa, que, segundo pesquisas de boca de urna, pode ter garantido um resultado favorável no referendo popular – realizado no domingo – para a formação de uma Assembléia Constituinte no seu país.

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