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Cuba deixa para trás o ciclo do açúcar

O apito a vapor que chamou gerações de trabalhadores à dinâmica usina de açúcar Ruben Martínez Villenas está silencioso. Lá dentro, em meio a um emaranhado de canos enferrujados e máquinas da altura de uma pessoa, o cheiro de melaço deu lugar ao odor de descargas elétricas, enquanto soldadores desmontam esta usina, que durante longo tempo sustentou não só esta cidade, mas também uma parte considerável da economia cubana.

Diante da queda vertical dos preços de commodities e de um excesso de açúcar, bem como do desaparecimento dos subsídios soviéticos, o governo cubano fechou cerca da metade de suas usinas de açúcar.

Para os trabalhadores de mãos calosas que suportavam meses sob o sol, manejando facões no campo ou movendo-se agilmente entre os engenhos de cana barulhentos, isso não é uma simples reestruturação. É o triste fim de uma era que foi parte da história e cultura de Cuba, tanto quanto um elemento central da sua economia.

Os repiques de um sino da plantação de Manzanillo anunciaram o chamado às armas contra a Espanha em 1868, ao mesmo tempo que a zafra, ou safra de açúcar, inspirava poetas, cantores e pintores. Mas o turismo se converteu na fonte primária de divisas estrangeiras de Cuba – trazendo ao país cerca de US$ 2 bilhões por ano, em comparação com os cerca de US$ 440 milhões gerados pelo açúcar; e assim as próprias autoridades cubanas, resistentes a mudanças, dobram-se ante a necessidade de adaptação. (O Estado de SP)

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