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CTNBio libera levedura transgênica para produção de Diesel da cana

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem a liberação comercial de uma levedura transgênica que permite a produção de diesel usando a cana-de-açúcar. É a primeira vez que um transgênico desse tipo é aprovado pela comissão.

Em sua primeira reunião plenária após a mudança do comando, o órgão também aprovou o uso comercial de duas espécies de soja modificada, resistentes ao agrotóxico glufosinato de amônio. As sojas foram produzidas pela Bayer.

Também houve a liberação de duas vacinas veterinárias transgênicas. Com isso, sobe para oito o número de vacinas aprovadas para liberação comercial pela comissão, formada por 27 integrantes.

A reunião de ontem foi conduzida pelo novo presidente do colegiado, o pesquisador da Embrapa Edilson Paiva.

PRODUÇÃO

Com o sinal verde da CTNBio, a Usina Boa Vista, instalada na cidade goiana de Pirenópolis, deve concluir a construção de uma linha de produção de diesel feito da cana. A expectativa é que, em 2011, sejam fabricados 2 milhões de toneladas do produto, que, a exemplo do etanol, é menos agressivo ao meio ambiente do que o combustível fóssil.

“Ele não tem enxofre, produz quantidade menor de material particulado e é renovável. Tudo isso reduz o impacto para o aquecimento global”, afirma Luciana di Ciero, gerente de assuntos regulatórios e relações institucionais da empresa que desenvolveu o produto, a Amyris.

A aprovação também deve acelerar a negociação com outras usinas interessadas no desenvolvimento do novo produto. Até agora, nenhum país no mundo produz comercialmente o diesel de cana.

A levedura é um fungo, amplamente usado na produção de vinhos, cachaça e fermento de pão. A espécie aprovada ontem teve seu DNA modificado, o que a torna agora capaz de produzir um precursor do diesel, o farneseno. “A liberação aumenta a relação de produtos derivados da cana. Agora, além de açúcar, etanol também servirá de matéria-prima para o diesel e outros produtos para indústria química”, diz Luciana. Nessa lista estão, por exemplo, lubrificantes.

O desenvolvimento da levedura transgênica é o desdobramento de um outro projeto, iniciado em 2004 para a produção de um medicamento para combater a malária, feito com uma planta chamada artemísia. A partir de 2006, partindo de conhecimento já acumulado, a empresa Amyris passou a investir no desenvolvimento da levedura geneticamente modificada.

Para o projeto de diesel, a empresa recebeu, em apenas um ano, US$ 100 milhões de vários fundos de capital de risco. Entre eles, investimentos da Votorantim Novos Negócios.

Luciana afirma que não é preciso fazer alterações nos motores para o uso do novo produto. O projeto é usar, em um primeiro momento, um blend de diesel de cana-de-açúcar e diesel fóssil. Na primeira etapa, a ideia é misturar 10% do novo produto com 90% do diesel fóssil.

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