Mercado

Cteep liga usineiros ao mercado de geração de energia elétrica

A ascensão da geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar (biomassa) no Brasil está movimentando o setor elétrico nacional. Companhias de transmissão de energia descobriram um novo negócio com a entrada mais expressiva das usinas sucroalcooleiras na geração elétrica. “De dois anos pra cá, os usineiros entraram fortemente na geração de eletricidade”, diz Luiz York Giro, gerente de planejamento de expansão da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep).

Porém, a falta de conexão ao sistema nacional de linhas de transmissão é apontada pelas usinas de cana como um obstáculo para ingressar no mercado de geração elétrica. “E é aí que entra a Cteep”, diz York. “Se o usineiro quiser, nós podemos fazer a linha de transmissão para ele e o empreendedor nos paga em 30 anos por meio da receita anual do projeto”, completa o executivo.

Marcelo Parodi, especialista em energia e presidente da comercializadora Comerc que já vende à grandes consumidores eletricidade de biomassa, avalia a iniciativa da Cteep como muito positiva para o setor. “Sempre que se fala em gerar energia o próximo assunto é a linha de transmissão”, comenta. “Trinta anos para pagar o investimento é um grande facilitador para o usineiro”, afirma Parodi.

A energia a partir da cana teve grande estímulo do governo federal nos últimos dois anos. O ápice do apoio à fonte foi no início do ano passado, quando o governo federal anunciou que iria contratar energia de reserva para dar mais segurança à oferta de energia elétrica nacional e evitar um novo apagão no País.

York diz que o último negócio entre a Cteep e uma central de biomassa foi fechado na região oeste do Estado de São Paulo, com a usina Gasa. “A possibilidade de proporcionar esta nova conexão está vinculada aos investimentos da Cteep na repontecialização daquela região”, afirma o gerente.

Parodi, da Comerc, ressalta ainda a importância de a usina sucroalcooleira estar ligada à uma grande companhia de transmissão. “O usineiro ainda se beneficia porque estará ligado ao sistema por meio de uma linha de tensão mais alta, que proporciona uma tarifa menor”, diz.

O especialista também ressalta que o problema das linhas de transmissão dos usineiros é mais fácil de ser superado na região Sudeste do País, sobretudo em São Paulo. “O Sudeste é mais fácil de superar o obstáculo da linha de transmissão porque há muito mais redes e subestações”, diz. “No interior de Goiás, por exemplo, local em que também há concentração de usinas, este é um problema mais complexo”, frisa Parodi.

Complexo Jupiá

Em fevereiro deste ano, a Cteep concluiu a energização das linhas de transmissão do Complexo Jupiá, na região da usina Gasa. “Investimos R$ 40 milhões nas linhas de transmissão do complexo e mais R$ 10 milhões em duas novas subestações da região”, afirma York.

O executivo salienta que os aportes eram necessários ampliar a capacidade das linhas da região, sobretudo por conta da expectativa da entrada de outras usinas sucroalcoleiras no sistema. “Este investimento estava programado para ser feito neste ano, porque as linhas precisavam de ampliação da capacidade”, conta York, para completar “Sabemos que os usineiros estão se preparando para cada vez mais ampliar a capacidade geradora e as linhas também precisam estar prontas para receber a carga”, afirma.

O Complexo Jupiá atende a região de Ilha Solteira e os municípios de Andradina, Castilho, Mirandópolis, Pereira Barreto, Palmeira D’Oeste, Selviria e Três Lagoas. O complexo contou com a ampliação da capacidade instalada nas entradas de linhas das subestações Ilha Solteira e Três Irmãos, construções das linhas de transmissão de 138 kV Três Irmãos-Ilha Solteira e Três Irmãos-Andradina, recapacitações das linhas Ilha Solteira-Jupiá e Ilha Solteira-Jales, além da reconstrução de 47 quilômetros da linha de 138 kV Jupiá-Valparaíso (trecho localizado entre Jupiá e Três Irmãos).

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