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Crise desacelera mecanização da cana

Metade da safra paulista de cana-de-açúcar do ciclo 2008/ 2009, que oficialmente termina hoje, foi colhida com máquinas, sem uso de queimadas. Essa área cresceu em relação à temporada anterior, mas o ritmo se desacelerou. Segundo o governo de São Paulo, um efeito da crise do setor.

De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a colheita mecanizada se estende por 49,1% do território paulista ocupado pela cana. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os restantes dos canaviais (50,9%) foram colhidos com o velho sistema da queimada. O fogo elimina a palha do canavial e facilita o corte manual.

A! meta original para este ciclo agrícola era alcançar 50% de áreas mecanizadas, mas o parque sucroalcooleiro paulista deixou para a safra 2009/ 2010 -que começa amanhã- um canavial em pé de 513 mil hectares, área que havia sido incluída no plano de colheita do ano passado. Mesmo assim, a área colhida em São Paulo chegou a 3,910 milhões de hectares. No ciclo 2007/2008 foram 3,790 milhões de hectares.

Pelos dados da secretaria, a área colhida com máquinas cresceu 157 mil hectares na comparação com a safra anterior. Esse número é maior que a expansão da área total colhida (com máquinas e manualmente), o que demonstra que, além da mecanização de novas áreas, canaviais antigos estão mudando do sistema da queima para a mecanização.

A preocupação é que esse saldo, na safra que se encerra agora, foi menor -25 mil hectares (já descontando a área total de expansão). No ciclo anterior havia sido de 140 mil hectares.

“Essa é uma preocupação, mas avalio que parte dessa redução é explicada pelo volume de cana que ficou em pé. A maior parte dessa cana está em áreas mecanizáveis. Se fosse colhida, a meta de 50% seria atingida e o saldo também seria maior”, diz Ricardo Viegas, diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da secretaria e responsável pelo projeto Etanol Verde.

O programa integra o protocolo lançado em junho de 2007 e prevê o cumprimento de metas mais curtas para eliminar a queimada da palha da cana em 2014 (para área mecanizáveis) e 2017 (para áreas não mecanizáveis). O protocolo assinado por 155 usinas instaladas em São Paulo (90% do parque) e pelas 24 cooperativas de fornecedores antecipa os prazos previstos na lei.

A crise financeira que se abateu sobre o setor reduziu as encomendas de colhedoras e há certa dúvida se a meta acordada entre governo, usineiros e fornecedores será cumprida. Em princípio, não há previsão de mudança no prazo final do protocolo, mas metas intermediárias podem estar em risco.

Viegas afirma que, até a safra 2010/2011, a colheita de cana crua (sem queima) deve atingir 70%. “Na safra que começa vamos ver se a meta intermediária será cumprida. O que está definido é que a eliminação da queimada em áreas mecanizáveis até 2014 não mudará”, diz.

Outros Estados

Xico Graziano, secretário de Meio Ambiente, considera positivo o avanço da mecanização. Segundo ele, 70% da cana em São Paulo seria queimada. “É o que está ocorrendo em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, onde apenas agora há um movimento para ter um mecanismo como o de São Paulo. Com mais uma safra teremos uma série com três dados e aí dará para ver a tendência”, diz.

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