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Crise derruba açúcar pela 1ª- vez no ano

Depois de definhar os preços do álcool, a falta de liquidez das usinas no Brasil interromperam nesta semana as altas consecutivas que vinham beneficiando as cotações internas do açúcar. A saca de 50 quilos do açúcar cristal – que no ano acumulava alta de 48% – fechou ontem em R$ 48,84, queda de 1,55%, a primeira do ano, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A retração não é justificada pela maior oferta do produto, pois ela continua baixa, sobretudo do açúcar de melhor qualidade, segundo avaliação dos pesquisadores do Cepea. O que explica o movimento é a combinação entre a necessidade de fazer caixa de algumas usinas, que passaram a ofertar mais o produto com a retração do ânimo dos compradores diante de uma perspectiva de preços menores com a entrada da safra 2009/10, que está sendo antecipada pelas usinas do Centro Sul do País.

No mês de março, entretanto! , os preços do açúcar cristal se mantém em alta, apesar do recuo desta semana. A elevação no mês acumula 4,09%. Mesmo com o movimento de retração, os preços atuais do açúcar são os maiores desde o final de julho de 2006 – em termos nominais. O bom momento do açúcar se justifica por uma previsão de déficit mundial do produto. De acordo com a consultoria FCStone, esse déficit deve atingir 4,7 milhões de toneladas, sobretudo por causa da queda da produção da Índia para 16,5 milhões de toneladas, ante os 26,3 milhões da safra anterior. No entanto, a estimativa da consultoria é que a produção brasileira possa responder com uma produção adicional de 5 milhões de toneladas.

As usinas brasileiras deverão canalizar até 55% de sua moagem de cana-de-açúcar para produção do edulcorante, em um momento em que a desvalorização do real estimula as exportações e em que os preços do combustível alternativo estão em queda, disse o produtor Maurílio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa. O! setor sucroalcooleiro do Brasil, o maior do mundo, aumentará a parcela da safra empregada na produção de açúcar este ano em relação aos 40% de 2008, disse Biagi. Embora algumas usinas possam utilizar até 60% da cana para fabricação de açúcar, novas usinas projetadas exclusivamente para a produção do etanol vão limitar a capacidade do setor, como um todo, de produzir açúcar, disse ele. “Todo mundo vai produzir o máximo de açúcar possível”, acredita Biagi, o segundo maior produtor mundial de cana-de-açúcar. “Se pudessem usar toda a cana na produção de açúcar, as usinas usariam.”.

O real brasileiro perdeu 27% de seu valor nos últimos sete meses, devido à crise mundial do crédito, o que elevou o valor em moeda local do açúcar exportado. A escassez de crédito também fez com que os usineiros acelerassem a venda de etanol, para obterem recursos, o que empurrou os preços para baixo. “As usinas que não produzem açúcar, apenas etan! ol, estão em situação complicada”, avalia o usineiro, cuja família processa cerca de 10% da safra brasileira de cana-de-açúcar. Os contratos futuros de açúcar, que caíram 8% em Nova York nos últimos sete meses, deram um salto de 26% em reais. Os preços do etanol despencaram 16% no Brasil durante o mesmo período, segundo dados da Cepea.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 9)(Fabiana Batista e Bloomberg News)

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