Ao menos dez usinas vão paralisar suas atividades na região centro-sul do país devido a problemas financeiros durante a safra de cana-de-açúcar deste ano.
A confirmação foi feita pela Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Outras 30 usinas ainda estão em processo de recuperação judicial.
A estimativa é que, além do desfalque das unidades, haja queda de 16,94 milhões de toneladas de cana-de-açúcar moídas na conclusão da safra 2014/15 –queda de 2,84% em relação ao ano anterior.
A primeira previsão divulgada pela Unica para esta temporada é que a moagem seja de 580 milhões de toneladas de cana.
Os motivos apontados para esta queda são a estiagem do verão e problemas financeiros enfrentados pelo setor.
“Enfrentamos uma crise sem precedentes no setor”, disse a presidente da Unica, Elizabeth Farina, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (23), em São Paulo.
“Há um descompasso de toda a cadeia produtiva. Desde os produtores de cana até as usinas”, afirmou Marcos Françóia, diretor da consultoria MBF Agribusiness.
Desde 2008, 56 usinas de açúcar e álcool pediram recuperação judicial no país, segundo levantamento da MBF.
Françóia estima que, apenas em São Paulo, pelo menos 20 usinas pararam nos últimos dois anos.
“Não significa, no entanto, que a cana deixa de ser moída. Temos ainda uma capacidade bastante ociosa de moagem na indústria”, afirmou.
O desemprego com o fechamento das usinas, no entanto, é bastante sentido, inclusive na região, em cidades como Sertãozinho (333 km de São Paulo) e Jardinópolis (329 km de São Paulo), segundo ele.
MIX DE PRODUÇÃO
Apesar das quedas, a produção de etanol deve crescer.
Segundo a estimativa da Unica, do total de cana-de-açúcar a ser processada na safra que tem início neste mês, 56,4% deverá ser destinada à produção de etanol, o que representa alta de 1,7%.
Com isso, a produção de açúcar projetada é reduzida. A estimativa é de 32,50 milhões de toneladas, queda de 5,23% comparando com a safra que terminou oficialmente em março deste ano.
A Unica afirmou que “praticamente todas as áreas mecanizáveis das usinas já serão colhidas sem queima” nesta temporada.
O protocolo agroambiental do Estado de São Paulo afirma que áreas superiores a 150 hectares, com declive do solo inferior a 12%, não podem mais queimar cana-de-çúcar a partir desta safra.
O percentual de matéria-prima colhida de forma mecanizada na safra passada (2012/13) já atingiu cerca de 75% no Estado, de acordo com a entidade das usinas.
(Fonte: Folha de S.Paulo)