Cogeração

Crise bancária dos EUA aumenta as já frágeis perspectivas para o petróleo, indica hEDGEpoint

Apesar dos pontos de partida extremamente baixos, os estoques de energia têm aumentado nas últimas semanas

Crise bancária dos EUA aumenta as já frágeis perspectivas para o petróleo, indica hEDGEpoint

“Quando o Banco Central Norte-americano começa a aumentar as taxas de juro, geralmente continua a fazê-lo até que algo quebre. Se o Fed acabe ou não o atual ciclo de aperto, ainda é desconhecido. O que se sabe, no entanto, é que o seu impacto sobre as commodities — mais especificamente sobre o petróleo bruto e os produtos refinados – tem sido bastante significativo”, ressalta em relatório elaborado pela hEDGEpoint, companhia especializada em commodities e gestão de riscos.

O petróleo WTI foi negociado abaixo de US$70/bbl pela primeira desde dezembro de 2021 na semana passada, estando os seus quatro contratos mais próximos atualmente em contango. Tal fraqueza da curva não se verifica desde o final de 2022, quando os mercados ainda tinham incerteza em relação a como os fluxos de óleo ficariam após o embargo à Rússia.

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Apesar dos pontos de partida extremamente baixos, os estoques de energia têm aumentado nas últimas semanas – fazendo com que os traders e reocupassem com um mercado potencialmente com sobreoferta a curto prazo. Parte desta preocupação, porém, é bem justificada: o Banco Central dos EUA nunca subiu tanto as taxas de juro em tão pouco tempo. Eventualmente, algo acabaria por quebrar, fazendo com que a economia tenha um desempenho ruim.

“Embora a perspectiva macro tenha o potencial de continuar a piorar, devido ao aumento da aversão ao risco entre os participantes no mercado e às taxas de juros altas que continuam a ser praticadas, ela não explica o porquê de o petróleo ter caído tanto na semana passada. Um posicionamento especulativo excessivamente comprado, no entanto, o faz”, explica a hEDGEpoint.

Desde o final de fevereiro, os participantes no mercado começaram a apostar que, devido aos baixos dados da inflação, o Fed teria de reduzir as suas políticas de aperto. Isto fez com que os investidores voltassem lentamente ao mercado petrolífero numa altura em que a China estava finalmente a reabrir. Esta combinação de fundamentos criou uma perspectiva bastante positiva para o petróleo, fazendo com que os especuladores detivessem a maior posição líquida comprada como proporção de todas as posições em aberto no futuro e opções do Brent em mais de 5 anos.

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Assim que a maré virou, com a crise bancária dos EUA a ser alvo de atenção, o ambiente mudou rapidamente. Como resultado, todo aquele posicionamento esticado visto com o Brent foi desfeito à medida que a aversão ao risco por parte dos especuladores caiu.

Uma confirmação da persistência desta tendência ao longo das próximas semanas será fornecida pelo relatório da posição dos traders, emitido pelas autoridades regulatórias dos EUA e Europa. E esta mudança de apelo pelo petróleo não tem a ver apenas com a crise bancária dos EUA e Europa. Mas também com a resiliência das exportações de petróleo por parte da Rússia, que tem conseguido exportar mesmo sancionada.

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As expectativas de recessão, devido ao impacto do atual aperto monetário, juntamente com o aumento das exportações de petróleo bruto da Rússia, deverão impedir com que o mercado petrolífero tenha movimentos de alta. O relatório mostra, no entanto, que isto não quer dizer que atualmente não existam fundamentos positivos aos preços.

“Olhando para o futuro, será presumivelmente difícil para a Rússia aumentar a sua produção de petróleo bruto. A falta de acesso à tecnologia estrangeira poderia impedi-la de desenvolver novos campos. A falta de capex na indústria internacional de upstream é igualmente preocupante. Esses fundamentos  provavelmente serão mais evidentes a médio prazo. Por enquanto, a macro está no lugar do comando”, finaliza o documento.

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