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Crise agrícola afeta a indústria

Os dados sobre a produção industrial de fevereiro, divulgados ontem pelo IBGE, não são tão favoráveis quanto os da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicados na véspera. A CNI mostrava aumento das vendas reais, em termos dessazonalizados, de 2,85%, enquanto o IBGE registra recuo de 1,2%.

Essa diferença bastante grande tem várias explicações. Os dados do IBGE incluem a atividade das indústrias extrativas, que recuou em fevereiro, mas, mais que isso – segundo o chefe da Diretoria da Indústria do IBGE -, a metodologia de ajuste sazonal pode não ter sido suficiente para eliminar totalmente os efeitos do menor número de dias úteis de fevereiro, por conta do carnaval.

Os dados setoriais do IBGE permitem melhor avaliação da evolução da produção industrial. Houve uma redução (com ajuste sazonal) de 3,1% na produção de bens de capital, o que poderia estar revelando uma queda dos investimentos. No entanto, é preciso notar a influência da grande queda, de 32%, na produção de bens de capital agrícolas. Enquanto isso, a produção dos bens de capital de uso industrial cresceu 11%, a dos destinados à construção aumentou 42,2% e para o setor de energia elétrica o aumento foi de 16,2%.

Os bens semiduráveis e nãoduráveis apresentaram recuo de 4,3%, devido, basicamente, à redução da produção de fertilizantes, enquanto a redução de 1,2% nos bens intermediários tem sua origem na queda da produção de óleo diesel.

Na produção de bens duráveis se registrou um aumento de 11,8%, especialmente devido à fabricação de automóveis e às exportações de telefones celulares. Comparada com o mesmo mês de 2004, a produção industrial geral cresceu 4,4%, mas a de bens de consumo duráveis aumentou 22,4%. No acumulado do ano, a produção industrial geral aumentou 5,2%. A de bens duráveis aumentou 12,6%.

Seguramente, a melhoria da renda familiar e o crédito mais abundante e mais barato contribuíram para essa evolução. Nada permite prever a deterioração das condições para as atividades industriais, em termos gerais.

A crise no setor agrícola afetou, sem dúvida, alguns ramos industriais, mas houve uma compensação decorrente não apenas de uma demanda interna maior como do aumento das exportações de manufaturados.

As previsões para a produção industrial de março, levando em conta a atividade da indústria automobilística e a do setor de petróleo bruto, se mantêm favoráveis.

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