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Crescimento do setor ainda não trouxe benefícios para canavieiros

O baixo investimento em pesquisa não é a única preocupação em matéria de produção de álcool. O bom momento do setor canavieiro ainda não trouxe reflexos para os cortadores de cana-de-açúcar. A secular precariedade desta atividade deixa as autoridades em alerta.

O Ministério Público de São Paulo, por exemplo, está formando um grupo de promotores para investigar a morte por exaustão de pelo menos 16 canavieiros. Eles morreram depois ou durante a jornada de trabalho. Lá, o pagamento do cortador varia de acordo com a produtividade e quem ganha mais é quem corta uma maior quantidade de cana-de-açúcar.

“Vamos verificar como vivem os migrantes. As usinas da região preferem os trabalhadores de fora, porque eles são mais dóceis e também não estão organizados”, diz o promotor de justiça da área de conflito fundiário do Ministério Público de São Paulo, Marcelo Pedroso Goulart. A maioria dos cortadores que trabalham no Centro-Sul é de nordestinos. O promotor argumenta que a atual expansão do setor sucroalcooleiro está aumentando a concentração de propriedades rurais, da renda e da riqueza naquela região.

O promotor do Ministério Público de São Paulo também fala que a expansão dos canaviais está trazendo problemas para aquela região, como o uso intensivo de agrotóxicos e problemas ambientais que surgem com a queima da palha da cana-de-açúcar. “No período da safra, aumenta o número de internamentos por doenças respiratórias”, afirma.

ELIMINAÇÃO – Em São Paulo, existe uma lei que estabelece a eliminação das queimadas para áreas que têm um declive inferior a 12% até 2020. Para 2030, a legislação prevê o fim da queima. “As empresas terão que comprar mais máquinas e adaptar o plantio para a colheita mecanizada”, explica o diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo, Antonio de Pádua Rodrigues.

O aumento da mecanização significará também uma redução da quantidade de cortadores de cana. “É arriscado colher manualmente a cana sem a queima da palha”, defende Rodrigues, acrescentando que atualmente um trabalhador corta 10 toneladas de cana-de-açúcar por dia. “Se não queimar a palha, serão necessários três trabalhadores para cortar a mesma quantidade da planta”, comenta.

“É uma questão muito delicada, porque os empresários terão que escolher entre aumentarem os seus custos e perderem a competitividade”, afirma Rodrigues.

O diretor da Unica também argumenta que, além da questão ambiental, a eliminação da queima da palha da cana também deve ocorrer com o desenvolvimento de novas tecnologias, que podem incorporar a palha ao processo de produção. “No futuro, a palha poderá ser usada para a produção de álcool”, diz Rodrigues.

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