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Crédito de IFC e BNDES acelera avanço da Delta Sucroenergia

Resultado da cisão dos negócios do Grupo Carlos Lyra, em 2012, a Delta Sucroenergia, controlada por Robert Lyra, filho do patriarca da tradicional família alagoana, concluiu ontem uma operação de crédito que visa otimizar a geração de caixa de seus negócios, concentrados em três usinas de cana-de-açúcar no Estado de Minas Gerais.

Mesmo em um segmento que enfrenta cada vez mais dificuldades para conseguir crédito, a empresa conseguiu fechar com o IFC, braço corporativo do Banco Mundial, um financiamento de US$ 80 milhões, com prazo de vencimento que varia de sete a nove anos.

Esse crédito complementa os recursos já captados no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e vão integrar um amplo programa de investimentos. O principal deles é o aumento da capacidade de cogeração do grupo, mas os aportes também incluem melhorias operacionais e agrícolas.

O empréstimo do BNDES totalizou R$ 250 milhões – R$ 125 milhões por meio de um financiamento direto com o banco de fomento e o restante com instituições parceiras (Itaú e Santander).

O alvo da expansão energética é a usina Delta, localizada no município mineiro de mesmo nome. Dos atuais 50 mil megawatts-hora (MWh), o excedente de eletricidade dessa planta vai saltar para 300 mil MWh. A previsão é que essa nova capacidade será incorporada à operação na safra 2016/17, que começará em abril do próximo ano.

Assim, somando-se à capacidade de cogeração já existente na unidade Volta Grande, localizada em Conceição de Alagoas (MG), o grupo passará a deter, a partir da expansão da usina Delta, uma energia excedente para venda que chegará a 350 mil MWh por ano, ante os 180 mil MWh atuais.

Os reflexos dessa expansão nos negócios da companhia serão diretos, afirmou ao Valor Robert Lyra, que preside o grupo. Em seus cálculos, a partir de 2016/17 o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) terá um aumento de cerca de R$ 100 milhões em relação aos R$ 460 milhões que deverão ser registrados nesta temporada 2014/15.

Do total de US$ 80 milhões captados com o IFC, US$ 40 milhões virão diretamente do braço do Banco Mundial, enquanto o restante tem como fonte um empréstimo sindicalizado com a participação do holandês Rabobank e do IFC Managed Co-Lending Portfolio – uma nova plataforma de empréstimos sindicalizados da instituição.

As operações têm prazo de carência de três anos e custo de Libor mais 4,5% ao ano. Os prazos de pagamento, no entanto, diferem. No caso dos recursos do IFC, o prazo é de nove anos, enquanto o vencimento da operação com o Rabobank é de sete anos, segundo Lyra.

Na temporada 2014/15, que termina oficialmente em 31 de março, as três usinas da Delta Sucroenergia – Delta, Volta Grande e Conquista de Minas – processaram 9,5 milhões de toneladas de cana e faturaram R$ 1,2 bilhão com a venda de açúcar, etanol e energia. O endividamento líquido da empresa, atualmente na casa de R$ 1,15 bilhão, equivale a 2,5 vezes o Ebitda. Para o próximo ciclo, o 2015/16, Lyra adianta que a moagem deverá ser semelhante à do ciclo atual.

“Além de aprimorar a estrutura de capital da companhia, o investimento do IFC contribui para nossas diretrizes de governança”, afirmou o empresário ao Valor.

Em 2012, o Grupo Carlos Lyra concluiu a cisão de suas operações, dividindo os ativos sucroalcooleiros entre os dois filhos do patriarca, Elizabeth e Robert Lyra. O processo deu origem a duas empresas distintas com operações independentes dos pontos de vista societário, operacional e financeiro.

Além das unidades Delta e Volta Grande, a Delta Sucroenergética também tem sob seu guarda-chuva a usina Conquista de Minas, localizada no município mineiro de Conquista. Já a segunda empresa, que manteve a denominação Grupo Carlos Lyra, detém entre seus ativos três usinas de cana-de-açúcar em Alagoas e uma no Estado de São Paulo.

Em nota, o IFC afirmou que o crédito à Delta foi aprovado porque o projeto em questão se encaixa na estratégia da instituição de destinar capital, no caso do agronegócio, a iniciativas que fomentem segurança alimentar, aumento da renda rural e fortaleça práticas socioambientais. Em 2014, o investimento global do IFC no setor alcançou US$ 4 bilhões.

(Fonte: Valor Econômico)

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