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Crédito começa a aumentar

A evolução do crédito bancário em setembro, conforme dados do IBGE, revela, pela primeira vez, evidências de profundas mudanças, que se devem a diversos fatores, entre os quais se destaca a redução da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), extremamente oportuna num período em que a demanda por crédito normalmente cresce.

Se ainda não se observa alguma mudança profunda na relação entre o volume de crédito e o PIB, que está em 25,3%, isso se deve, provavelmente, ao crescimento da estimativa do PIB. Mas o importante é que, no quadro geral das operações de crédito com recursos livres, se registra uma melhora generalizada. Em setembro, relativamente ao mês anterior, o volume de crédito cresceu 1,0%, sendo 0,6% para as pessoas jurídicas e 1,7% para pessoas físicas, mas as concessões no mês, certamente um indicador mais significativo, mostram aumento de 9,8% em média – 10,8% para pessoas jurídicas e 8,0% para as pessoas físicas. A média das taxas de juros caiu de 52,7% ao ano, em agosto, para 49,8% em setembro, com uma variação negativa de 2,3% para pessoas jurídicas e de 3,8% para as físicas, enquanto o “spread” caiu, no período, 0,2 ponto porcentual para pessoas jurídicas e 1,5 para as físicas. O prazo médio das operações ficou praticamente igual e a inadimplência caiu 0,1 ponto porcentual para pessoas físicas e aumentou 0,3 pp para as empresas.

Esses dados indicam uma grande modificação das tendências do crédito, que deverá se acentuar nos próximos meses, levando-se em conta o grande sucesso das operações de empréstimos com resgate na folha de pagamento dos empregados, assim como a redução da taxa Selic.

É interessante notar que a redução da taxa de juros é maior para as pessoas físicas e que o aumento do volume de operações não se traduziu por um aumento da inadimplência.

Não se pode considerar, ainda, que a conjuntura de crédito seja satisfatória, pois ele continua muito caro. No caso das empresas, a maioria das operações é para capital de giro, que representa 24,0% do total, mas com juros de 39,4% ao ano. Para as pessoas físicas, no crédito pessoal, operação mais comum (34% do total), a taxa de juro é de 83,9% a.a.

Com essas taxas não se pode financiar capital de giro de uma empresa e, menos ainda, estimular o crédito ao consumo. Assiste-se, na verdade, ao aumento do crédito cujo reembolso advém diretamente da folha de pagamentos do empregado, o que barateia muito a operação. No caso das empresas, nota-se que as operações “vendor”, cuja taxa de juros é de 26,2%, estão em forte expansão nesse período do ano. Espera-se que sejam adotadas novas medidas para reduzir o custo do dinheiro.

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