CRA cambial pode atrair recursos financeiros de estrangeiros para usinas
Os certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) com correção cambial são considerados fontes de captação de recursos financeiros para usinas de cana-de-açúcar.
“A captação inclusive pode ser feita junto a investidores estrangeiros, que querem aportar no Brasil”, disse Moacir Teixeira, diretor da Ecoagro, no evento Agri Finance Brazil, realizado nesta quarta-feira (19/10) na capital paulista.
Os CRA com correção cambial estão em vigor no mercado desde o fim de agosto último com a aprovação, pelo Senado Federal, da Medida Provisória 725/2016. A proposta seguiu para promulgação pelo governo.
A mesma MP permite também a emissão de certificados de depósito agropecuário (CDCA) com correção cambial, como também estende essa opção a investidores e fundos de investimento brasileiros qualificados com aplicações acima de R$ 1 milhão.
A participação de investidores estrangeiros no CRA cambial, segundo participantes do evento na capital paulista, a qual o Portal JornalCana está presente, ainda depende de atratividade.
Não está definida, por exemplo, como será a tributação sobre os investidores Pessoas Físicas que comprarem CRA emitidas por usinas de cana-de-açúcar.
“O governo poderia tributar sobre os juros dos títulos”, sugere o diretor da Ecoagro. Também não está definida a isenção tributária sobre investidores brasileiros que comprarem tais papéis.
Teixeira, no entanto, é enfático: o CRA cambial tende a ganhar mercado assim que for definida a tributação. “O investidor quer saber isso, quer apostar e investir no Brasil”, afirmou no evento na capital, promovido pela Datagro e pela XP Investimentos.
Saiba mais sobre a MP do CRA cambial
A Medida Provisória 725, de autoria do senador Ronaldo Caiado (DEMGO), permite a emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e de certificados de depósito agropecuário (CDCA) com correção cambial, como também estende essa opção a investidores e fundos de investimento brasileiros qualificados com aplicações acima de R$ 1 milhão.
A ideia dos títulos com correção cambial é que as cooperativas de crédito possam ser os grandes emissores desses papéis (CRA e CDCA), que agora poderão atrair investidores estrangeiros como uma alternativa a mais de financiamento ao setor do agronegócio.
A medida tem o potencial de pulverizar o acesso ao CRA, hoje muito restrito a grandes empresas e multinacionais do agronegócio, também para produtores rurais por meio de cooperativas organizadas.
A MP também prevê que instituições financeiras possam adquirir papéis de CDCA como estratégia para cumprir a nova regra (exigibilidade) de direcionamento das emissões de LCA para o crédito rural.