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CPFL capta R$ 500 mi em crédito rural no BB

As operações de crédito rural do Banco do Brasil para grandes empresas ainda não pararam de acontecer. A CPFL Energia anunciou nesta semana que captou R$ 500 milhões em uma linha de crédito rural com o banco. Só dos empréstimos realizados com empresas de capital aberto do setor elétrico, e que portanto divulgaram a captação dos recursos, o volume de crédito rural cedido pelo BB em dois meses já soma R$ 1,8 bilhão. Além disso, o banco também emprestou cerca de R$ 1,4 bilhão para a distribuidora de etanol Ipiranga, que pertence ao grupo Ultra.

A operação da CPFL chama a atenção porque, em entrevista ao Valor no mês de junho, o diretor de agronegócio do BB, José Carlos Vaz, afirmou que as operações deveriam parar de acontecer naquele mês, quando terminava a safra 2009/2010, e só seriam retomadas no próximo ano. Segundo a explicação do executivo naquele momento, isso aconteceria porque somente no final do ano-safra é que o banco pode ter certeza das sobras de captação de poupança que teria para poder aplicar os recursos que devem ser destinados prioritariamente ao agricultor. Mas o negócio com a CPFL foi fechado depois disso. O banco foi procurado para falar sobre o assunto há dois dias, mas disse que o executivo não foi encontrado.

A empresa de energia também foi procurada para falar sobre os recursos captados e informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não poderia dar qualquer informação, de taxa de juros ou de prazos, porque tem acordo de confidencialidade com o banco. Nos empréstimos anteriores, como o da Cemig, por exemplo, não existia essa confidencialidade e a empresa de Minas Gerias informou que pagaria 96% do CDI pelo empréstimo de R$ 600 milhões com um prazo de três anos para pagamento do principal da dívida assumida.

A possibilidade de emprestar recursos baratos da poupança a grandes empresas foi aberta neste ano pelos volumes recordes de captação na caderneta de poupança. O Banco do Brasil tem obrigação de emprestar até 70% do que capta a título de crédito rural. As grandes empresas de distribuição de energia se enquadram no Manual do Crédito Rural porque fazem parte da cadeia produtiva do agricultor. Para tomar o empréstimo, elas precisam apenas comprovar o quanto arrecadam com o consumidor rural. Além de CPFL e Cemig, também tomaram recursos para suas distribuidoras as empresas Neoenergia e EDP.

Fora do setor elétrico, o único negócio tornado público foi o da Ipiranga. A empresa é distribuidora de etanol e, portanto, não faz parte da cadeia produtiva do agricultor. É apenas uma cliente do setor. De qualquer forma, a companhia obteve R$ 1,4 bilhão neste ano e vai pagar menos que o custo do CDI.

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