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Cosan planeja comprar usinas com baixa no preço do açúcar

A Cosan, maior grupo sucroalcooleiro do Brasil, pode voltar a comprar usinas de açúcar e álcool com o mercado praticando preços mais realistas. A declaração foi feita ontem pelo vice-presidente financeiro do grupo, Paulo Diniz, baseada na queda dos preços internacionais do açúcar e a conseqüente redução nos preços das usinas. A Cosan detém, segundo Diniz, 10% do mercado brasileiro de açúcar e álcool, mas o objetivo é chegar aos 20%.

O executivo afirma que a baixa nos preços internacionais do açúcar nos últimos meses deve ser benéfico ao Brasil no médio e longo prazo, pois amplia o consumo do produto no mundo, reduz o preço da cana-de-açúcar e barateia os custos com fusões e aquisições de unidades.

“O comportamento do preço do açúcar vai fazer os pára-quedistas do mercado e até investimentos greenfield (unidades novas) tornarem-se alvos”, afirmou Diniz quanto aos planos da Cosan. Em fevereiro, o açúcar bateu o recorde de preços dos últimos 25 anos em Nova York, atingindo os US$ 0,1973 por libra-peso para o primeiro contrato. No fechamento de ontem, esta cotação era de US$ 0,1236 a libra-peso.

Na avaliação do analista de mercado de açúcar e álcool da Safras & Mercado, Gil Barabach, a própria Cosan foi uma das responsáveis pela inflação no preço das usinas. “A Cosan foi a empresa que entrou com mais agressividade comprando unidades em funcionamento, e como maior empresa do setor é uma referência para as concorrentes”, constata ele. O grupo possui hoje 17 usinas, todas no Estado de São Paulo. A gerente sênior de Fusões e Aquisições da PriceWaterhouseCoopers, Andréa Vergueiro, acredita que o preço dos ativos tende a cair com a redução dos preços do açúcar, porém pontua que os valores se manterão elevados. “A necessidade das empresas se posicionarem no Brasil para entrar no mercado mundial de álcool, visando um cenário para daqui a cinco anos, gera uma demanda muito grande por usinas em operação”, constata ela.

Além disso, Andréa ressalta que a sobrevalorização das usinas fez a construção de novas unidades se tornar a melhor opção de investimento. “Não podemos dizer se a queda do preço do açúcar fará a compra de usinas ser mais interessante que a construção”, explica a gerente.

Benefícios ao setor

Além de favorecer a própria Cosan, Diniz acredita que a queda nos preços do açúcar é boa para todo o setor sucroalcooleiro nacional. “Os altos preços do açúcar fizeram países que estavam dormindo entrarem no mercado”, diz o executivo, referindo-se à ampliação da exportação de países que, com o açúcar mais barato, não eram internacionalmente competitivos.

No cenário da produção, o açúcar mais barato reduz diretamente os custos das usinas com a compra da cana e o arrendamento de terras, que têm o preço definido conforme as cotações do açúcar e do álcool.

Seca também ajuda

Diniz afirmou que a estiagem que atinge o Estado de São Paulo, onde estão todas as usinas do grupo, está permitindo que as unidades trabalhem 24 horas por dia, sete dias por semana, desde o início da safra, em abril. As chuvas geralmente interrompem o transporte da cana, o que pode fazer as unidades pararem ou diminuírem o processamento.

A falta de chuvas e a conseqüente atividade constante das moendas deve fazer com que 16 unidades do grupo encerrem a safra na segunda metade de novembro, segundo Diniz. Em anos anteriores, a safra era encerrada geralmente em dezembro.

Além disso, a seca aumenta o teor de sacarose (açúcar) da cana, resultando em maior produtividade de açúcar e álcool. Com isso, o vice-presidente comercial da Cosan, Alexandre Aidar, acredita que a companhia pode rever para cima as previsões de produção desta safra, atualmente em 1 bilhão de litros de álcool e 3,5 milhões de toneladas de açúcar. A expectativa de moagem é de 35 milhões de toneladas de cana. Na safra passada, a Cosan moeu 28 milhões de toneladas.

Já a próxima safra poderá sofrer um impacto negativo devido à seca atual, que prejudica o plantio. No entanto, o vice-presidente financeiro da Cosan afirma que ainda é cedo para prever se haverá redução na produção de cana, mas não descarta a possibilidade de haver um “repique de preços”.

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