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Cosan negocia 60% da Comgás, e deve pagar R$ 3 bilhões por participação

A Cosan deverá pagar cerca de R$ 3 bilhões por uma fatia de 60% da Comgás, segundo fontes próximas à negociação. Caso a operação seja fechada, a Cosan dará mais um passo na diversificação de suas operações para negócios com fluxo de caixa mais estável do que a produção de açúcar e etanol. Com a compra da Comgás, o setor de açúcar e etanol passaria a responder por menos de 20% da receita da Cosan.

A negociação entre Cosan e o BG Group, que tem uma participação de 83,6% na controladora da Comgás, a Integral Investment, foi confirmada pelas partes. A Cosan quer comprar a totalidade da participa ção do BG Group na Integral, que somaria 60% da Comgás. Hoje, o valor de mercado da fatia do BG na Comgás gira em torno de R$ 3,1 bilhões a R$ 3,2 bilhões.

As negociações entre Cosan e o BG estão em fase inicial. Segundo uma das fontes, a Cosan passou na frente de outros concorrentes que chegaram a analisar a compra de fatia da Comgás, como Ultra e Cemig. A favor da Cosan, pesa o fato dos outros 16,4% da Integral estarem nas mãos da Shell, empresa com quem a gigante do setor sucroalcooleiro tem forte proximidade desde a formação da Raízen, joint venture na qual as duas empresas têm 50% cada uma.

Dívida. Embora a operação não esteja totalmente estruturada, já foi definido que a Cosan vai pagar o BG à vista, por meio de empréstimos em bancos privados. A empresa não emitirá novas ações para bancar a compra da Comgás. Fonte próxima à operação informa que o atual nível de endividamento da Cosan (de 1,3 vez seu resultado operacional, ou Ebitda) suporta esse novo endividamento sem entrar em patamares de alavancagem considerados perigosos.

A maior parte da dívida será de longo prazo. A expectativa é de que a dívida de curto prazo seja paga rapidamente com o fluxo de caixa da Comgás. As margens operacionais da companhia de gás, de 20%, têm apresentado resultados mais robustos que os da própria Cosan, de 7,8%.

Se a aquisição da participação na Comgás for concretizada, a Cosan elevará a previsibilidade de seus resultados financeiros, segundo fontes ouvidas pela Agência Estado. A Cosan persegue essa meta nos últimos anos com criação de empresas da área logística (Rumo), terras (Radar) e lubrificantes (Mobil), além da parceria com a Shell na distribuição de combustíveis e lubrificantes. Recentemente, a empresa adquiriu a fábrica de lubrificantes Comma Oil na Inglaterra, com a expectativa de expansão no mercado europeu.

A empresa também negocia a compra de uma fatia de 5,67% do c apital da América Latina Logística (ALL) que, se concretizada, deixará a Cosan com uma participação de 49% do bloco de controle da operadora logística. A Cosan já tem acordos com a ALL através da Rumo Logística. Com a diversificação, a Cosan busca reduzir o risco gerado pelo setor de açúcar e etanol, que sofre com a volatilidade de preços.

Especialistas do setor estimam que a entrada da Cosan no setor de concessionárias de serviços públicos, caso da Comgás, pode agregar valor ao negócio.

A expectativa é que a Cosan dê um posicionamento de mercado adequado à concessionária. Tanto BG quanto Shell, atuais controladores da Comgás, estariam mais focados em prospecção do que em distribuição.

Essa não é a primeira vez em que a Cosan tenta entrar na Comgás. Anteriormente, havia feito uma oferta pela participação da Shell. O negócio já estava adiantado quando a Shell desistiu da operação.

A Comgás fechou o ano de 2011 com lucro líquido de R$ 236,1 milhões. Nos trê s primeiros trimestres do ano fiscal de 2012, da Cosan registrou um lucro líquido de R$ 2,45 bilhões.

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