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Cosan entrará na Crystalsev com ações da Vale do Rosário

Luiz Silveira

Um dos ativos mais atraentes da Companhia Açucareira Vale do Rosário, que o grupo Cosan está tentando comprar, é uma participação de 35% na trading Crystalsev, responsável pela comercialização da produção de nove usinas que processam 25 milhões de toneladas de cana por safra.

Com a aquisição, estaria se formando o maior grupo de comercialização de açúcar e álcool do País, com 17% de participação no mercado. Esse grupo superaria até a cooperativa Copersucar, atual líder no setor.

A Cosan divulgou na quarta-feira em um fato relevante que fez uma oferta pelas ações da Vale, que só terá validade caso o grupo consiga adquirir 50% mais uma das ações, para ter o controle da usina de Morro Agudo (SP), que controla ainda as usinas MB, do mesmo município, e a Jardest, de Jardinópolis.

“Poderíamos fortalecer ainda mais a posição de Crystalsev”, disse o vice-presidente Financeiro da Cosan, Paulo Diniz, em uma conferência para investidores e analistas. “Temos certeza que a Cosan poderia fortalecer a Crystalsev em questões de volume”.

A Vale do Rosário e a Companhia Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), que respondem direta e indiretamente por 63% da produção da Crystalsev, planejavam no ano passado uma fusão que encontrou resistência nos mais de cem acionistas minoritários da Vale.

Diniz afirmou ontem que a Cosan foi procurada há mais de um ano por um bloco de minoritários da Vale, na maioria fornecedores de cana da usina, interessados em vender suas ações ao grupo. Segundo o executivo, a Cosan teria dito que só se interessaria em comprar uma participação controladora da Vale e que ficaria “mais que contente” caso isso acontecesse.

Recentemente, os minoritários “voltaram a nos procurar e disseram que agora eram majoritários”, contou Diniz, o que reabriu as negociações e fez as partes assinarem um acordo de confidencialidade. Segundo ele, a Vale tem 109 acionistas e outras partes envolvidas.

Com o bloco de minoritários somando uma participação controladora, os empecilhos à operação podem ser impostos apenas pelos outros acionistas da Vale, que têm o direito de preferência sobre a compra de participações de outros acionistas. Decorridos 30 dias, a própria empresa poderia fazer uma oferta pelas ações à venda ou, em até mais um mês, indicar outro comprador.

“O mercado comprou a Cosan como uma consolidadora do mercado. Ela está novamente cumprindo essa promessa”, avalia Marcio Kawassaki, analista da Fator Corretora. Com a compra da Vale, a Cosan estaria também afastando a possibilidade de enfrentar um concorrente à altura buscando aquisições no interior paulista, já que desfaz a possibilidade de a formação de um grupo somando Vale do Rosário e Santa Elisa.

Valor final “atraente”

Paulo Diniz disse que a taxa de retorno que a Cosan exige para aquisições é de cinco pontos percentuais acima de seu custo de capital, que segundo ele está um pouco abaixo de 10%.

O vice-presidente não revelou o valor que a Cosan ofereceu pelas ações da Vale, mas disse que “o preço final que está sendo falado é atraente em relação a um investimento greenfield (construir uma usina nova)”. Segundo fontes do mercado, o valor para a aquisição total da Vale do Rosário, que tem uma moagem de 10 milhões de toneladas de cana por safra, incluindo suas controladas, seria superior a R$ 750 milhões.

Para pagar pela aquisição, a Cosan poderá utilizar ações próprias como parte do pagamento, segundo Diniz. “A Cosan também contemplará o fortalecimento de sua estrutura de capitais”, acrescentou ele. A emissão de bônus ou ações não foi descartada, além de um empréstimo amigável de acionistas estratégicos da Cosan.

O vice-presidente Financeiro da Cosan afirmou que não pretende alterar a estrutura e a organização das usinas onde a Vale tem participação. Além de MB e Jardest, a companhia de Morro Agudo tem participações em dois empreendimentos novos. Na usina Frutal, em Frutal, no Triângulo Mineiro, a Vale é sócia da Usina Moema. Na unidade Tropical, que será construída em Goiás, a Vale e Santa Elisa são sócias do grupo algodoeiro Maeda.

A aquisição seria uma marca na história da Cosan não só por se tratar de sua maior compra, mas também por levar a empresa pela primeira vez para fora do Estado de São Paulo. As atuais 18 unidades do grupo estão localizadas no interior paulista e com as participações nas usinas de Minas Gerais e Goiás a Cosan daria o primeiro passo rumo às novas fronteiras da cana.

http://www.dci.com.br/usexibir_integra.asp?pXML=txt/2007/02/02/21812931

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