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Cosan e Sumitomo criam joint venture para pellets de biomassa da cana

coO Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve decidir se aprova nas próximas semanas a criação de joint venture entre a Cosan, um dos maiores conglomerados de energia e infraestrutura do Brasil, e a japonesa Sumitomo Corporation, um dos maiores grupos econômicos do Japão, para produzir e comercializar pellets de biomassa.

Esses pellets serão produzidos a partir de palha e bagaço de cana-de-açúcar. É a primeira empresa do mundo a produzir tal produto.

Além do Cade, a criação da joint venture deverá ter o aval de autoridades reguladoras europeias.

A tecnologia inédita criada pela Cosan usa exclusivamente resíduos de cana-de-açúcar para produzir pellets que podem substituir o carvão mineral, gás natural e óleo combustível na geração de energia elétrica e calor.

Chamada de Cosan Biomassa, a nova empresa já possui uma planta de produção na região de Jaú, interior de São Paulo, com capacidade instalada de 175 mil toneladas de pellets por ano. O plano é expandir a produção para 2 milhões de toneladas até 2025, e para 8 milhões de toneladas no futuro, confirmadas as expectativas de retorno e a demanda potencial para este produto. A Cosan terá 80% e a Sumitomo 20% do capital da joint venture.

Diversos países já têm metas para geração de energia renovável e sustentável, entre eles Japão, Coreia do Sul e Inglaterra.  Um estudo publicado pela Comissão Europeia no início deste ano revelou que o uso da biomassa é a maneira mais econômica de atingir as metas estabelecidas para redução de emissão.

A perspectiva é que nos próximos cinco anos a demanda mundial por pellets de biomassa salte das 25 milhões de toneladas comercializadas hoje para aproximadamente 40 milhões.  Atualmente, a matéria-prima predominante no setor é oriunda da madeira plantada na Europa, Estados Unidos e Canadá.

Parcela

“O Japão deve importar entre dez e vinte milhões de toneladas de biomassa peletizada até 2030. Acreditamos que uma parcela relevante desta demanda será atendida pela biomassa de cana-de-açúcar disponível no Brasil. A produtividade da cana no Brasil e o fato de utilizarmos um resíduo como matéria-prima criam um diferencial de sustentabilidade único no mundo”, afirma Yoshi Kusano, gerente geral de Biomassa da Sumitomo Corporation.

Com o aumento expressivo na demanda por biomassa sustentável, a cana-de-açúcar tem o potencial de suprir uma parcela crescente do mercado. Estima-se que há um potencial de cerca de 80 milhões de toneladas de pellets que poderiam ser geradas apenas pelo setor sucroalcooleiro no Brasil e que hoje ainda não é explorado – o montante equivale a três vezes o mercado mundial de biomassa peletizada. Apenas no estado de São Paulo este potencial chega a 45 milhões de toneladas de pellets.

“O Brasil já está entre os maiores produtores e exportadores de commodities agrícolas do mundo. O pellet de biomassa é uma nova commodity que está nascendo para atender a economia de baixo carbono”, diz Mark Lyra, CEO da Cosan Biomassa. “Com o aproveitamento dos resíduos agrícolas da cana-de-açúcar e a crescente preocupação com a mudança climática no mundo, o Brasil está posicionado para se tornar a Arábia Saudita da energia sustentável.” A perspectiva é de fazer o primeiro embarque de pellets para uma grande geradora de energia europeia ainda neste ano.

A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) é financiadora do negócio e apoia o projeto desde seu início, em 2010.  “O setor sucroenergético sabe muito bem como explorar a energia do caldo da cana de açúcar, mas isso corresponde a apenas um terço da energia produzida pela planta. Dois terços da energia da cana está na biomassa e hoje tal energia é aproveitada de maneira pouco eficiente ou desperdiçada completamente”, afirma Wanderley de Souza, presidente da FINEP. “Com financiamento pioneiro em tecnologia e inovação de processos, ajudamos a criar um novo mercado que, por sua vez, viabilizará investimentos em eficiência para vitalizar o setor.”

Os principais mercados-alvo da Cosan Biomassa são Europa, Japão e Coreia do Sul que ainda hoje têm 30% de sua energia proveniente do carvão mineral. No Brasil, onde o gás e o óleo têm custo alto, a biomassa é uma alternativa bastante competitiva e grandes indústrias já demonstraram interesse.

A união com a Sumitomo, uma das maiores tradings de Biomassa do mundo, envolve a criação de um novo mercado interessado em novas fontes de energia sustentável.  Os Estados Unidos e Canadá exportaram em 2015 mais de 6 milhões de toneladas para Europa e Ásia enquanto o restante foi produzido localmente.

O governo americano estuda a possibilidade de utilizar biomassa para reduzir sua dependência no carvão mineral. Nesse caso, se apenas 5% do carvão for substituído por biomassa, o mercado norte americano rapidamente passará de exportador para importador, pois serão necessários 28 milhões de toneladas adicionais por ano para atender tal demanda. Somente com a demanda crescente na Europa e na Ásia o mercado precisará de 15 milhões de toneladas adicionais até 2030 e o maior recurso de biomassa não explorado do mundo se encontra no setor sucroenergético brasileiro.

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