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Cosan capta US$ 1 bilhão em pouco mais de um ano

O grupo Cosan, maior produtor individual de açúcar e álcool do país, acaba de obter US$ 300 milhões por meio de bônus perpétuo – sem vencimento final – no mercado internacional. Pagou o menor custo para uma empresa não-financeira brasileira: 8,25% ao ano. Com a operação, a empresa já captou US$ 1 bilhão em 14 meses, segundo informou ao Valor Paulo Diniz, vice-presidente financeiro da Cosan, do aeroporto de Londres.

“A operação é emblemática do interesse mundial no setor de açúcar e álcool brasileiro”, disse José Olympio Pereira, diretor responsável pela área de banco de investimento do Credit Suisse, que, junto com o Morgan Stanley, liderou a operação de bônus perpétuo da Cosan. Ele chamou atenção para os juros pagos, apenas 30 pontos básicos acima dos pagos pelos perpétuos do Banco do Brasil e abaixo de todos os outros perpétuos brasileiros no mercado secundário de ontem.

Segundo Diniz, a demanda pelos papéis chegou a US$ 2 bilhões. Isso possibilitou a ampliação do tamanho da operação para US$ 300 milhões, em relação aos US$ 250 milhões inicialmente lançados, com juros de 8,25% ao ano, menores do que os 8,5% inicialmente propostos. “As matérias positivas sobre o agribusiness brasileiro e o etanol no Financial Times, no The Wall Street Journal e na The Economist ajudaram a atrair o interesse dos investidores para os nossos perpétuos”, disse Diniz.

Na Ásia e na Europa, que responderam cada uma por cerca de 40% da demanda, os principais compradores foram os fundos de private banking, que reúnem os recursos das pessoas físicas ricas. Os papéis também foram vendidos para o investidor institucional americano (144-A), que não é usual para perpétuos. Os americanos responderam por 20% da demanda. “Quisemos aumentar ao máximo o universo de investidores”, afirmou Pereira. Os títulos têm opção de resgate antecipado pela Cosan a partir do quinto ano.

Os US$ 300 milhões serão usados para eliminar a dívida de curto prazo da Cosan e para fortalecer o caixa, de forma que a empresa possa dar continuidade à sua estratégia de aquisições, conta Diniz. No ano passado, a Cosan comprou três empresas e passou a controlar 14 usinas de açúcar e álcool, todas em São Paulo.

“A Cosan precisa de um barril de munição para financiar seu agressivo programa de aquisições”, conta José Olympio Pereira. Por isso, já em setembro de 2004, a Cosan inaugurou sua participação no mercado internacional e emitiu papéis de vencimento em cinco anos, no total de US$ 200 milhões, com a ajuda do Morgan Stanley e do Credit Suisse. Em outubro, a empresa abriu o capital e obteve um total de US$ 400 milhões, com a participação de 70% dos investidores estrangeiros, também sob a liderança do CS e do Morgan Stanley. “A demanda pelas ações da empresa foi tão forte que o o preço de lançamento foi revisado, de R$ 40 a R$ 46 para R$ 48”, conta Pereira. Hoje, o nível de preço das ações da Cosan é de cerca de R$ 90.

A IFC, International Finance Corporation, braço financeiro do Banco Mundial, entrou com outros US$ 100 milhões em um empréstimo A e C. O empréstimo C, um híbrido de dívida com capital, é de US$ 20 milhões e já foi tomado pela empresa. Os outros US$ 80 milhões ainda não foram sacados e poderão não ser, diz Diniz. “Estamos em uma situação bem confortável, com caixa de cerca de US$ 500 milhões”, disse Diniz.

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