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Corte manual de cana será eliminado

Originária da Ásia tropical, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos portugueses.

Atualmente, o nosso país é o maior produtor mundial da gramínea, com cerca de 700 milhões de toneladas anuais.

A marca de 1 bilhão de toneladas poderá ser alcançada nos próximos seis a sete anos.

Na safra de 2014, a cana-de-açúcar será colhida com máquinas nas áreas mecanizáveis, substituindo o trabalho de 100 trabalhadores, cada uma delas.

A exigência decorre da legislação estadual de 2007 e de protocolo celebrado pelos industriais com a Secretaria do Meio Ambiente.

No atual período de colheita de 2010/11, cerca de 60% de toda a cana será recolhida com modernas colhedeiras.

Para o sindicato dos trabalhadores da categoria, a queima da palha da cana é indispensável, visando a eliminação de animais peçonhentos, inclusive a fim de reduzir a folhagem e diminuir o risco de acidentes.

A prática tradicional da queima possibilita, ademais, ao trabalhador, maior eficiência e rendimento na colheita, que é de seis toneladas médias diárias.

Como na sua quase-totalidade os cortadores de cana são analfabetos, haverá uma inexorável e grave questão social a ser resolvida, exigindo a instituição de um programa de recolocação profissional, treinamento e capacitação dessa mão de obra.

É difícil uma previsão de como ela será recolocada, estimada em 150 mil cortadores.

O propósito da Unica, entidade representativa da indústria sucroalcooleira, é o estabelecimento de um amplo projeto de qualificação dos trabalhadores rurais, que serão dispensados, e transformados em motoristas, mecânicos, eletricistas, soldadores, inclusive para outras atividades econômicas, especialmente para a construção civil.

A prioridade, a ser estabelecida, é para os cortadores paulistas, o que agravará a problemática no nordeste brasileiro, de onde é oriunda quase a metade desses rurícolas.

O dinheiro recebido no interior paulista assegura a sobrevivência de milhares de famílias inteiras nordestinas.

No nordeste, um cortador de cana recebe em média R$ 2 por dia de trabalho.

No Estado de São Paulo, os melhores cortadores chegam a cortar 8 toneladas de cana diárias e, desta forma, recebem perto de R$ 1.200,00 a cada mês.

Conforme as estimativas, milhares de trabalhadores nordestinos deixam as cidades onde residem para o corte de cana no sudeste brasileiro, no mês de abril ou início de maio de cada ano-safra, retornando no encerramento da colheita no final de novembro, época em que a planta atinge o seu ponto máximo de maturação.

2050 máquinas colhedeiras encontram-se em operação no período de colheita em curso de 2010.

O investimento na compra do equipamento é da ordem de R$ 700 mil por unidade, o que torna a compra da colhedeira inacessível para um significativo número de agricultores.

A declividade do solo máxima para a colheita mecanizada deverá estar em torno de 10%: acima desse limite, apresenta restrições às práticas com as máquinas.

No Brasil, ainda é muito comum encontrar regiões produtoras onde se planta cana-de-açúcar em topografia acidentada, acarretando problemas às colhedeiras, que são ajustadas para o corte numa altura média de 30 cm acima da base do solo.

Na safra de 2014, a cana-de-açúcar será colhida com máquinas nas áreas mecanizáveis.

Luiz Gonzaga Bertelli

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