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Copom faz dólar superar R$ 3,20 e ter a maior alta em 12 meses

O dólar superou a marca de R$ 3,20 e teve a maior alta percentual em 12 meses. A moeda americana avançou 2,55% e fechou cotada a R$ 3,214, o maior valor desde 10 de abril do ano passado (R$ 3,249).

A divisa chegou a ser negociada pela máxima de R$ 3,229, uma alta de 3,03%. A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de interromper a seqüência de cortes de juros, mantendo a taxa em 16% ao ano, foi apontada como o principal motivo para a desvalorização do real.

“O Copom sacramentou a percepção negativa do mercado sobre as turbulências externas. Antes, o governo dizia que havia uma blindagem contra a crise internacional. Mas a manutenção dos juros selou de vez a idéia de que existe sim uma preocupação com a alta do petróleo e a expectativa de uma subida do juro nos EUA”, afirmou o diretor de câmbio da corretora Souza Barros, Carlos Alberto Abdalla.

Para Abdalla, a manutenção do juro virou um pretexto dos especuladores para trabalhar com a perspectiva de uma alta da taxa Selic em breve. Os juros futuros dispararam hoje na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). O risco Brasil, que mede a desconfiança externa no país, saltou quase 7%, ultrapassando a barreira dos 750 pontos, atingindo 760 pontos.

O analista citou ainda que, internamente, os indicadores sobre o ritmo da atividade econômica são ruins. Hoje a Fundação Seade/Dieese divulgou que a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo subiu pelo quarto mês consecutivo e bateu o recorde histórico. Em abril, a taxa ficou em 20,7% da PEA (população economicamente ativa).

“Não dá para acreditar em economia que não emprega”, disse Abdalla.

O quadro político também voltou ao foco dos investidores. Ontem, o governo Lula colheu mais uma derrota do Congresso. Os deputados rejeitaram a possibilidade de reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), queria que a matéria fosse aprovada.

Se a escalada do dólar continuar, o mercado vai começar a especular sobre as medidas que o Banco Central deverá adotar para conter a desvalorização do real.

Segundo Abdalla, o governo deve deixar, no primeiro momento, o dólar disparar para estimular as exportações, já que o consumo interno ainda apresenta sinais de fraqueza.

Depois, poderá adotar medidas como a rolagem de títulos cambiais, leilões de venda de divisas ou até aumento do compulsório (dinheiro que os bancos são obrigados a recolher), segundo o analista.

O dólar não subia tanto em um único dia desde o último dia 26 de maio, quando disparou 3,87% um dia após o anúncio do BC de que não renovaria mais integralmente sua dívida atrelada ao câmbio.

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