Mercado

Copersucar exportou produto contaminado

Se quer mesmo continuar exportando álcool para o Japão, o Brasil precisará aumentar o controle de qualidade de seu produto. No ano passado, segundo informou o presidente da Nedo, Naoki Nishio, um carregamento de álcool anidro da Copersucar chegou ao Japão, em junho, contaminado pela substância “1,4 dioxa”.

A contaminação só foi descoberta dois meses depois do desembarque do produto. O caso deixou as autoridades japonesas em polvorosa porque o “dioxa” provoca câncer. Como o álcool exportado pelo Brasil ao Japão é usado essencialmente pela indústria de alimentos, o refino e o uso do produto tiveram que ser paralisados.

“Foi algo terrível. Tivemos que suspender a produção de álcool”, contou Nishio. “Conseguimos resolver o problema rapidamente porque descobrimos o caso e adotamos as medidas adequadas, mas o prejuízo foi enorme. Discutimos o problema com os brasileiros e com as ´tradings´ japonesas envolvidas na importação.”

Nishio disse que isso nunca tinha acontecido antes. O Brasil tem sido, desde 2001, o maior fornecedor de álcool para o mercado japonês. Nos últimos dois anos, a liderança foi absoluta. Em 2005, o presidente da Nedo estima que a participação brasileira na importação de álcool pelo Japão chegará a 80%.

“No Brasil, isso (a contaminação) não é uma questão especial porque a maior parte do uso do álcool é como combustível (etanol), então, não há problema que haja contaminação com dioxa. Mas, aqui, até o momento, estamos usando álcool apenas na indústria de alimentos. Então, de agora em diante, temos que confiar no produto importado do Brasil para sempre e adotar controles mais estritos. Nós já estamos discutindo certificação com os brasileiros”, informou a autoridade japonesa.

Aloisio Nunes de Almeida, porta-voz da Copersucar, reconhece que a empresa exportou um carregamento de álcool ao Japão por meio da trading Alcotra em meados de 2004 no qual foi detectado a presença de “dioxa”. Mas ele ressalta que os traços encontrados da substância são inferiores ao exigido pela legislação dos Estados Unidos para a água e que o Japão não devolveu ou solicitou a troca do produto.

Depois do incidente, a Copersucar passou a testar os carregamentos e hoje inclui o selo “livre de dioxa” em suas exportações de álcool, informa Nunes de Almeida. Segundo o executivo, técnicos japoneses visitaram os laboratórios da companhia que segue exportando normalmente para o Japão. (CR, colaborou Raquel Landim, de São Paulo)

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