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Copersucar e Friboi brilham na exportação

A pequena queda da participação do agronegócio nos embarques totais do país em 2006, acusada nas estatísticas referentes ao intervalo entre janeiro e novembro e que tende a prevalecer nos resultados finais do ano, não evitou que algumas agroindústrias ganhassem destaque na lista das 40 principais empresas exportadoras elaborado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Estreitamente vinculadas à boa fase de seus respectivos segmentos – e apesar do câmbio menos competitivo para as vendas no mercado externo -, frigoríficos de carne bovina, grupos de açúcar e álcool e indústrias de suco de laranja galgaram degraus no ranking, que para a área de grãos trouxe poucas surpresas e para o ramo de aves e suínos resultou em perda de posições.

Beneficiado pelo forte crescimento das vendas externas de carne bovina brasileira, o frigorífico Friboi ascendeu 13 posições entre as maiores empresas exportadoras do país. Os dados da Secex mostram que a empresa exportou US$ 860,6 milhões de janeiro a novembro de 2006, 48,3% mais do que os US$ 580,3 milhões de igual período do ano anterior.

Com esse crescimento, o Friboi passou a ocupar o 18º lugar no ranking dos exportadores brasileiros – estava em 31º em novembro de 2005. Analistas do mercado de carne avaliam que é a primeira vez, no passado recente, que um frigorífico de carne bovina fica entre os 20 maiores grupos exportadores do país.

A empresa ultrapassou tradicionais exportadores no ranking nacional, como a Perdigão, que ocupava o 19º lugar entre janeiro e novembro de 2005 e caiu para 21º no mesmo período do ano passado. A trading americana ADM também estava à frente do Friboi em 2005, na 13ª posição, e caiu para o 24º lugar em 2006.

Além do Friboi, outra empresa beneficiada pelo crescimento das exportações de carne bovina foi o Bertin. As vendas externas do grupo somaram US$ 775,9 milhões entre janeiro e novembro de 2006, levando a empresa para o 25º lugar no ranking. Estava em 29º no mesmo período de 2005, com US$ 621,1 milhões. Vale ressalvar que, no caso do Bertin, as exportações incluem também produtos de couro. No Friboi, as vendas se referem apenas à carne bovina.

Além de terem sido beneficiadas por um cenário de demanda favorável para a carne bovina no mercado externo, os grandes frigoríficos brasileiros foram, ironicamente, também favorecidos pelo embargo imposto à carne de algumas regiões do Brasil por causa da ocorrência de febre aftosa no país no fim de 2005, que ainda provoca barreiras parciais em dezenas de importadores.

Um analista observa que o embargo reduziu a oferta do produto no mercado internacional, elevando os preços da carne e a receita das empresas. Nesse quadro, levaram vantagem empresas como o Friboi e o Bertin, que têm unidades em vários Estados e puderam redirecionar a produção destinada à exportação para unidades situadas em regiões que não foram vetadas.

Em parte, também contribuiu para o avanço dos frigoríficos no ranking o desempenho mais fraco das empresas do setor de aves e suínos e as que atuam com soja. A Perdigão, por exemplo, teve queda nas exportações porque foi prejudicada pelo avanço da gripe aviária, que afetou o consumo na Europa e Oriente Médio, derrubando a demanda. Além disso, o embargo russo à carne suína (apenas o Rio Grande do Sul pode exportar atualmente) também atrapalhou.

Já empresas de grãos sofreram com as modestas cotações da soja no exterior nos três primeiros trimestres de 2006 e com a queda dos embarques de farelo e óleo de soja – que, em contrapartida, inflou o volume de grão embarcado. Mas ainda assim a Bunge manteve-se como a principal empresas exportadora do agronegócio de janeiro a novembro – na 4ª colocação no ranking geral encabeçado por Petrobras, Companhia Vale do Rio Doce e Embraer -, a Cargill pulou para 6º e a ADM caiu de 13º para 24º.

Analistas do setor de carne bovina consideram que o avanço dos exportadores do segmento no ranking é uma tendência e foi possível também graças ao ganho de eficiência dessas empresas, não apenas ao cenário favorável. “O Friboi deve exportar 10% a 20% a mais este ano”, estima um especialista, para quem há uma consolidação da base produtiva das empresas. A previsão é que a empresa tenha encerrado o ano passado com exportações de US$ 980 milhões.

Outro destaque no ranking dos exportadores foi o avanço da Coopersucar, que passou a ocupara a 17ª posição. Entre janeiro e novembro de 2005, havia ficado em 27º lugar. O aumento das exportações de açúcar e álcool explicam o melhor desempenho. Nos dois casos, ressalta o economista Fabio Silveira, da RC Consultores, houve influência de aumentos de volumes vendidos e preços internacionais melhores.

Os preços também explicam o avanço das indústrias de suco. A Cutrale, maior delas, subiu três posições na comparação entre os onze primeiros meses de 2006 e 2005 e chegou à 35ª colocação, com embarques de US$ 576,3 milhões. Os melhores preços do suco refletem os problemas de oferta na Flórida após danos causados por temporadas de furacões em 2004 e 2005.

No total, as exportações do agronegócio – incluindo empresas de papel e celulose – somaram US$ 45,285 bilhões de janeiro a novembro, segundo critérios do Ministério da Agricultura, e representaram 36,2% dos embarques nacionais totais. Em igual intervalo de 2005, foram US$ 39,925 bilhões – fatia de 37,2%.

“O agronegócio teve em geral um bom desempenho, mas áreas como minério de ferro, alumínio e petróleo apresentaram resultados muito bons, também apesar do câmbio. Daí a perda de participação”, disse Silveira ao Valor

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