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Copersucar assume trading de etanol nos EUA

A Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do Brasil, com faturamento previsto de US$ 7,5 bilhões nesta safra, comprou o controle da trading americana Eco-Energy, que detém 9% do mercado de etanol dos Estados Unidos. A participação adquirida pela Copersucar e o valor da transação não foram divulgados, mas a empresa brasileira terá dois dos três assentos existentes no conselho de administração da Eco-Energy. Juntas, as companhias responderão por 12% do mercado mundial de etanol.

Trata-se da primeira aquisição internacional em etanol da companhia brasileira, que em 2008 deixou de ser uma cooperativa para se tornar uma S.A. (Sociedade Anônima) e empreendeu um forte ciclo de crescimento com atração de novas usinas associadas. O negócio tende a ser o primeiro passo dentro de uma agressiva estratégia de crescimento no exterior. “Vamos agora acompanhar a reação do mercado, dos nossos principais concorrentes. Nos próximos três anos, o desafio será consolidar essa operação nos Estados Unidos e dobrar de tamanho”, afirma Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, que passa a acumular a presidência do conselho da Eco-Energy.

As duas empresas terão operações compartilhadas, mas continuarão independentes, explica o CEO da Copersucar, Paulo Roberto de Souza, que ocupará o outro assento no board da nova controlada. Ele explica que esse movimento nos Estados Unidos significa mais do que ampliar o mercado exportador. Para ele, também representa tornar a Copersucar um operador local de etanol no mercado doméstico americano, o maior do mundo.

“Vamos tirar agentes intermediários da operação, abrindo à companhia brasileira acesso direto aos produtores de etanol americanos e às grandes redes de distribuição de combustíveis do país”, afirma o executivo.

Investimentos da ordem de US$ 25 milhões serão realizados ao longo dos próximos dois anos para aprimorar o sistema logístico da Eco-Energy, que já opera em 22 terminais de transbordo (por leasing) e dois terminais próprios nos Estados Unidos. “Esse número pode ser maior. Estamos refinando o desenho desses projetos”, afirma Pogetti.

Ele informou que o recurso para os investimentos na Eco-Energy, que se converteram em controle acionário, foram 100% captados em instituições financeiras do exterior em uma linha de “project finance” – modalidade de financiamento cujas garantias são baseadas na geração de caixa futura da empresa.

A projeção da Copersucar é dobrar o faturamento da Eco-Energy em três anos, dos atuais US$ 3 bilhões para cerca de US$ 6 bilhões por ano, de acordo com Souza. A estratégia será ampliar o número de contratos de fornecimento de etanol com cláusula de exclusividade. Atualmente, continua ele, a trading americana tem exclusividade na venda de etanol de 16 plantas industriais nos Estados Unidos e o potencial no curto prazo é atrair para esse formato de negócio outras quatro a cinco usinas.

O modelo de atuação da Eco-Energy, com sede no Estado americano do Tennessee, é semelhante ao da Copersucar, com a diferença de que as usinas que têm contrato de exclusividade com a companhia brasileira são, ao mesmo tempo, sócias. Ambas as tradings originam volumes de etanol sem exclusividade contratual. “Em torno de 60% do volume comercializado pela Eco-Energy é feito mediante contrato de fornecimento com exclusividade”, diz Souza.

Somadas, as duas empresas negociam por ano 10 bilhões de litros de etanol, 12% do mercado global do biocombustível. Segundo Pogetti, a previsão é que esse volume atinja cerca de 18 bilhões de litros em 2016.

A expectativa das tradings é de que a operação seja aprovada pelos órgãos reguladores americanos em 45 dias. Só após a conclusão da operação o valor do negócio e a participação serão informados, conforme Pogetti.

Com 48 usinas produtoras como sócias e cerca de 50 unidades não sócias, a Copersucar deverá comercializar na atual temporada o equivalente a 24% da produção de açúcar e etanol do Centro-Sul do Brasil, um avanço de seis pontos percentuais em relação aos 18% de participação em 2010. Ao todo, a empresa comercializará neste ciclo (2012/13) 4,8 bilhões de litros de etanol e 8,7 milhões de toneladas de açúcar.

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