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Cooperativas gaúchas planejam investir em biodiesel

Enquanto aguardam a definição da política oficial de preços do biodiesel no país pelo governo federal, as cooperativas gaúchas começam a definir seus primeiros projetos de investimento no ramo no Rio Grande do Sul.

A Coceagro, central regional que reúne Cotrimaio, de Três de Maio, Comtul, de Tucunduva, e Coopermil, de Santa Rosa – todas no noroeste do Estado – e a Coasa, de Água Santa, no nordeste, já encaminharam pedidos de financiamento ao BNDES e planejam empreendimentos que poderão produzir 135 mil litros por dia no total a partir de soja, canola e girassol.

Conforme Antônio Wünsch, presidente da Cotrimaio, a Coceagro quer produzir 90 mil litros por dia a partir de soja e girassol em uma unidade de esmagamento que está sendo negociada com a Coinbra. Localizada em Cruz Alta, a planta tem capacidade para processar mil toneladas de grãos por dia, sendo que 50% serão destinadas à extração de óleo bruto e, desta parcela, metade corresponderá à produção de biodiesel.

Wünsch não revela o preço que está sendo discutido com a Coinbra pela unidade de Cruz Alta. Mas, mesmo com a aquisição da planta e de equipamentos para a produção de biodiesel, o custo final deverá ficar abaixo dos R$ 16 milhões estimados para o projeto inicial da Coceagro, que previa a construção de uma nova esmagadora com capacidade para 300 toneladas diárias em Três de Maio, de acordo com o dirigente.

A mudança nos planos, segundo ele, exigirá a adequação do projeto enviado em maio ao BNDES. Os detalhes serão discutidos durante um seminário sobre o programa brasileiro de biodiesel que será promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário no dia 20 em Cruz Alta, também com representantes dos ministérios de Minas e Energia e da Ciência e Tecnologia, do Banco do Brasil e do BNDES. Conforme Wünsch, a partir da aprovação do financiamento, o novo empreendimento poderá estar implantado em cerca de um ano.

O presidente da Cotrimaio diz que o ingresso no novo segmento não exigirá aumentos da área plantada ou do número de produtores associados às três cooperativas. “Em vez de vender o grão, vamos industrializar e aumentar o valor agregado”, explica. Só a Cotrimaio tem 12 mil agricultores filiados que na próxima safra devem entregar à cooperativa 4 milhões de sacas de soja, o equivalente a 240 mil toneladas.

A Coasa, ao contrário, terá que triplicar o número de produtores, hoje em 340, como parte do projeto de produzir 45 mil litros por dia de biodiesel a partir de soja, girassol e canola, informa Orildo Belegante, presidente da cooperativa. Segundo ele, o projeto exigirá aporte de R$ 6 milhões e o pedido de financiamento foi encaminhado ao BNDES no fim de agosto por intermédio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). “O biodiesel agrega valor à produção e eleva a competitividade da cooperativa”. Belegante calcula em seis meses o prazo necessário para a instalação da planta.

Parte dos planos do governo federal de estímulo a energias renováveis, o biodiesel deverá ser adicionado ao óleo diesel na proporção de 5% até 2008. Isso representa um mercado potencial de cerca de 2 bilhões de litros por ano, tomando por base dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) sobre o volume de diesel vendido no Brasil em 2004 (39,1 bilhões de litros).

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