Mercado

ContourGlobal, dos EUA, escolhe o Piauí para instalar novas eólicas

O mercado brasileiro de energia eólica recuperou o brilho para os investidores, depois de passar por um período de incertezas. Os preços no último leilão encorajaram o grupo americano ContourGlobal, que possui entre os seus acionistas o fundo de private equity Reservoir Capital Group, a tirar do papel um projeto de geração de R$ 780 milhões no Piauí, que terá capacidade instalada para produzir 210 MW.

Esses serão os primeiros aerogeradores instalados no Estado, que, ao contrário do Ceará e do Rio Grande do Norte, ainda não havia atraído esse novo capital que aportou no Nordeste.

Os empreendimentos da Contour, batizados de Ventos de Santa Joana e Ventos de Santo Onofre, foram leiloados no certame específico de energia eólica realizado no dia 23 de agosto e ficarão prontos em 2015. Ao todo, foram viabilizados no leilão 13 parques no Piauí, que serão construídos por um consórcio do qual participam, além da ContourGlobal, a Chesf , do grupo Eletrobras, e o fundo de investimento FIP Salus. A Contour terá 36% do empreendimento e será a operadora dos parques eólicos.

No último leilão, os empreendedores venderam a energia eólica por R$ 110,50 por MWh em média. Esses preços deixaram para trás os valores registrados em dezembro de 2012, abaixo de R$ 90 por MWh, e que vinham tirando o sono de empresários e investidores.

“A sinalização do último leilão foi muito positiva para a indústria. Os preços voltaram para níveis interessantes”, afirma Alessandra Marinheiro, presidente da ContourGlobal para a América Latina.

O primeiro projeto de energia eólica da empresa no mundo está sendo construído no Rio Grande do Norte. O complexo de Asa Branca, de 160 MW de capacidade instalada e no qual foram investidos R$ 620 milhões, será inaugurado na próxima semana. A energia do empreendimento foi comercializada no leilão de 2010.

No entanto, assim como outros empreendimentos feitos no Rio Grande do Norte, as linhas de transmissão que fariam a conexão dos parques eólicos com a rede elétrica nacional ainda não estão prontas. As obras, a cargo da Chesf, atrasaram, causando um grande problema para o país. Para evitar que esse gargalo se repetisse, o governo começou neste ano a exigir que os projetos já tenham conexão com as linhas de transmissão para participar dos leilões.

Além dessa exigência, o BNDES ficou mais rigoroso com os fornecedores de turbinas, obrigando que os equipamentos tenham 70% de conteúdo nacional. Alguns fabricantes foram temporariamente descadastrados pelo banco, até que atendessem às exigências. Já era esperado que essas obrigações, aliadas à alta do dólar, elevassem os preços nos leilões de eólica.

Segundo Alessandra, a americana GE é a fornecedora dos aerogeradores para os parques da Contour no Brasil, tanto para o complexo de Asa Branca quanto para o de Santa Joana. Dos R$ 620 milhões investidos em Asa Branca, o BNDES financiou 75%. A expectativa é que os empreendimentos no Piauí também sejam financiados pelo banco de fomento estatal, numa proporção semelhante. Segundo Alessandra, a Contour também avalia comprar empreendimentos no Brasil, e não apenas construí-los.

Além das operações brasileiras, Alessandra responde pelos demais negócios da Contour na América Latina, onde a companhia possui um portfólio de 725 MW de capacidade instalada. A empresa também começou a desenvolver eólicas no Peru e México, além de estar presente na Colômbia e Caribe.

A CountourGlobal foi fundada em 2005 por Joseph Brandt, que ocupa a presidência mundial. O executivo havia sido vice-presidente do grupo americano AES, onde Alessandra também trabalhou no Brasil. O foco da Contour são mercados carentes de energia, como Togo, Senegal e Ruanda, na África, ou mercados emergentes, como a América Latina.

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