JornalCana apresenta 10 destaques das demonstrações financeiras da Raízen, joint-venture da Shell e da Cosan, relativos ao terceiro trimestre da safra 2017/18 (3T’18: meses de outubro, novembro e dezembro) na comparação com o período da temporada anterior.
Raízen Energia:
O EBITDA ajustado do 3T’18, terceiro trimestre do ano-safra, alcançou R$ 898 milhões (-11%), reflexo dos menores preços médios de açúcar e etanol praticados no mercado, parcialmente compensados pelo melhor resultado de bioenergia.
A moagem do trimestre totalizou 13,3 milhões de toneladas de cana (+17%) devido ao clima mais seco e maior disponibilidade de matéria-prima.
O índice de produtividade do canavial do 3T’18 foi de 8,4 toneladas de ATR/hectare (-4%) e o mix de produção de 48% para açúcar (versus 56% no 3T’17), em função do aumento da rentabilidade do etanol no período.
No acumulado dos nove meses da safra 2017/18, a Raízen atingiu 60,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar moídas (+2%), com mix de produção de 55% para açúcar.
Raízen Energia – Vendas
O terceiro trimestre da safra 2017/18 praticamente encerra o período de moagem da safra na região Centro-Sul. Nestes primeiros nove meses, a produção atingiu 583 milhões de toneladas de cana moída, redução de 1% (dados da Unica) em relação ao mesmo período da safra passada. O mix de produção segue similar ao da safra passada, com 47% da produção voltada para o açúcar.
Na Raízen Energia, a moagem do trimestre cresceu, totalizando 13,3 milhões de toneladas de cana moída (+17%), favorecida pelo clima mais seco ao longo do período e maior disponibilidade de cana na comparação com o 3T’17.
O índice de produtividade do canavial, medido pela combinação dos índices de ATR (Açúcar Total Recuperável por tonelada de cana moída, em Kg) e TCH (Toneladas de Cana colhida por Hectare), foi de 8,4 toneladas de ATR/hectare, comparado a 8,7 toneladas de ATR/hectare no 3T’17 (-4%), efeito também da menor concentração de chuvas no período.
O mix de produção da Raízen reflete a constante análise de rentabilidade por produto e neste trimestre atingiu 48% de açúcar (versus 56% no 3T’17).
A receita líquida ajustada foi de R$ 3,4 bilhões (-7%), reflexo principalmente dos menores preços médios de açúcar e etanol, comparados ao 3T’17, apesar dos maiores volumes vendidos de açúcar e energia (com melhor preço). A maior moagem no período possibilitou o aumento da produção, com destaque para etanol e bioenergia. Os efeitos em volume e receita líquida para os principais produtos no trimestre foram:
Açúcar: A receita líquida ajustada foi de R$ 1,3 bilhão (-16%) no 3T’18, redução explicada pelo menor preço médio de açúcar fixado nas vendas deste trimestre em Reais (R$ 1.228/ton, -18% versus o 3T’17). O volume de vendas foi de 1,1 milhão de toneladas (+2%), impulsionado pelo crescimento do volume vendido no mercado doméstico (+19%).
Etanol: A receita líquida totalizou R$ 1,7 bilhão (-11%), devido ao menor preço médio no período que foi de R$ 1.714/m³ (-11%), alinhado aos preços praticados no mercado (base ESALQ). O volume de vendas permaneceu estável, apesar da maior produção, alinhado à estratégia de comercialização para a safra.
Cogeração: A receita líquida pela venda de energia atingiu R$ 280 milhões (+136%), aumento explicado tanto pelos maiores volumes de trading e próprio comercializados (+49%), em função da maior disponibilidade de bagaço, quanto pelo preço médio de R$ 280/MWh, 59% superior ao 3T’17.
Custos dos produtos vendidos
O custo dos produtos vendidos totalizou R$ 2,6 bilhões (+6%) no 3T’18, devido ao maior volume vendido de revenda e trading de etanol, com maior custo unitário, e maior impacto da amortização de ativo biológico quando comparado ao 3T’17.
Este efeito foi parcialmente compensado pela redução de 16% do custo caixa unitário dos produtos próprios, medido em açúcar equivalente, impactado diretamente pelo menor Consecana médio do trimestre (-15%), indicador que afeta os custos de arrendamento de terras e compra de cana de fornecedores.
Ainda assim, a maior diluição de custos fixos, consequência da moagem superior no período, e o contínuo foco em eficiência na operação agrícola e industrial contribuíram para que o custo caixa unitário, excluindo o efeito do Consecana, atingisse R$ 666/ton (-7% versus 3T’17).
EBITDA ajustado
O EBITDA ajustado do 3T’18 foi de R$ 898 milhões (-11%), redução impactada principalmente pelos menores preços de açúcar e etanol no período. Desde o 1T’18, primeiro trimestre desta safra, adicionamos um ajuste ao EBITDA denominado “Efeito câmbio no açúcar”, com o objetivo de incluir no resultado operacional o impacto do câmbio efetivamente utilizado para proteção das exportações do açúcar.
Vale lembrar que a fixação de preços de açúcar na Raízen é feita em Reais, ou seja, hedge de commodity e de moeda. A valorização do Real frente à taxa de câmbio fixada impactou negativamente o EBITDA do 3T’18, pois a receita reconhecida nas exportações de açúcar reflete o câmbio efetivo da data do embarque ao longo do trimestre. Assim, tivemos um efeito negativo de R$ 94 milhões que foram reconhecidos no resultado financeiro até a data (incluindo trimestres passados) referente aos instrumentos de proteção de câmbio contratados para fixação da receita em Reais, destacado na tabela de EBITDA abaixo.
A taxa de câmbio média fixada para os embarques foi de R$ 3,61/US$, comparada a uma taxa média de câmbio realizada (PTAX) de R$ 3,24/US$.
Conforme demonstrado na tabela abaixo, o EBITDA reportado do 3T’18 foi impactado pelos efeitos: (i) positivo de R$ 67 milhões de variação do ativo biológico e (ii) negativo de R$ 94 milhões referente ao câmbio designado para proteção das exportações de açúcar.
Fixação de açúcar
A posição de volumes e preços de açúcar fixados com tradings ou via instrumentos financeiros derivativos, em Dólar norte-americano e convertido para Reais, até 31 de dezembro de 2017, respectivamente, são resumidas como segue:
CAPEX
O CAPEX da Raízen Energia atingiu R$ 520 milhões no trimestre (+14% versus 3T’17), em função de (i) concentração de investimentos em ativos biológicos (+28%), dada a maior colheita e consequentemente maior dispêndio em trato e plantio; (ii) maior dispêndio em mecanização, reflexo da antecipação de renovação de equipamentos agrícolas; e (iii) aceleração de investimentos mandatórios em SSMA – projetos relacionados à saúde, segurança e meio ambiente (+33%).
Resultado líquido
A piora no resultado financeiro líquido no 3T’18 se deve, principalmente, à variação cambial decorrente da valorização do Dólar norte-americano frente ao Real (de R$ 3,2591/US$ para R$ 3,3080/US$) e ao efeito nos derivativos, proveniente dessa mesma valorização, onde temos uma posição vendida em Dólar norte-americano futuro.
O Lucro líquido do período foi de R$ 178 milhões, frente ao lucro líquido de R$ 558 milhões reportados no 3T’17. Essa variação se deve principalmente ao efeito da expressiva valorização de ativo biológico observada em dezembro de 2016, de R$ 329 milhões, devido à alta do índice Consecana no período. No acumulado da safra 2017/18 tivemos um lucro de R$ 372 milhões frente a um acumulado da safra anterior de R$ 1.112 milhões. Nesse período temos novamente o impacto do ativo biológico, que está seguindo curva oposta à valorização do ano passado, e resultado financeiro explicado acima.
Raízen Combustíveis:
O EBITDA ajustado do 3T’18 foi de R$ 806 milhões (-10%), impactado pelo menor ganho oriundo da estratégia de suprimentos da Raízen no trimestre frente a forte base de comparação no ano anterior, mas com aumento de volume vendido.
O volume total de vendas aumentou 4% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, enquanto o mercado expandiu 2% (base ANP) no 3T’18.
No ciclo Otto o crescimento foi de 1% (-1% em gasolina equivalente) afetado pelo maior mix de etanol nas vendas. No diesel, o volume vendido pela Raízen foi 9% superior ao 3T’17, impulsionado por maior demanda do segmento agrícola e novos clientes, enquanto o mercado cresceu 4% (base ANP).
No acumulado da safra 2017/18 o EBITDA ajustado da Raízen Combustíveis alcançou R$ 2,3 bilhões (+1%)
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