Mais de 80% da matriz mundial de energia ainda é composta por petróleo, carvão e gás. Para se destacar no mercado bioenergético e avançar como protagonista global da transição energética, o Brasil tem trabalhado muito e quer enfrentar esse desafio.
Combinando inovação tecnológica, políticas públicas robustas e alta capacidade produtiva, o país se destaca tendo a bioenergia como uma solução viável, competitiva e já disponível.
De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), o clima tropical, a disponibilidade de área e o sistema de produção adaptado às condições locais são algumas das características que oferecem uma condição diferenciada para o papel da bioenergia agropecuária na matriz energética nacional.
O mercado bioenergético será amplamente discutido durante a 31ª Fenasucro & Agrocana, que será realizada entre os dias 12 a 15 de agosto, em Sertãozinho/SP.
“O Brasil já se posiciona em um patamar diferenciado, porque cerca de 49% da matriz energética nacional é composta por fontes renováveis, contra uma média global de aproximadamente 15%. Desse total, quase 30% vêm da bioenergia vinculada ao agronegócio, englobando a biomassa da cana-de-açúcar, milho, soja, silvicultura energética, lixívia do papel e celulose, entre outras. Sem a bioenergia agropecuária, a participação de renováveis cairia para cerca de 20%, evidenciando o papel crucial do setor no diferencial brasileiro”, afirma Rodrigues.
O diretor também avisa que o setor sucroenergético se destaca com participação próxima de 18% na matriz nacional.
“O etanol lidera entre os biocombustíveis na matriz de transporte leve. No futuro, devemos consolidar a bioeletricidade e expandir a oferta de soluções de descarbonização para outros setores por meio do biogás, do biometano e da produção de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e para o transporte marítimo”, comenta.
Políticas públicas
Para Rodrigues, as políticas públicas são fundamentais para estruturar, viabilizar e acelerar o mercado de energias renováveis no mundo todo, pois atuam como vetores de segurança jurídica e estímulo econômico. “No Brasil, o RenovaBio estabelece metas compulsórias de descarbonização para os distribuidores de combustíveis e cria o mercado de créditos de descarbonização (CBIOs), internalizando o valor do carbono e premiando a eficiência ambiental dos biocombustíveis”, detalha.
Transição energética: Lei do Combustível do Futuro e Programa Mover
Já a Lei do Combustível do Futuro tem um papel estratégico em diferentes frentes, segundo o diretor da UNICA. Em primeiro lugar, avança no aumento da mistura obrigatória para o etanol anidro. Também contribui de forma decisiva ao definir metas de redução de emissões no setor aéreo por meio do uso do SAF. “Além disso, institui o biogás, do biometano. E, por fim, estabelece o marco regulatório para o armazenamento e sequestro de carbono, inclusive com bioenergia”, resume.
Por sua vez, o Programa Mover atua do lado da demanda, orientando o desenvolvimento tecnológico do setor automotivo ao promover a modernização da frota nacional e reconhecer os benefícios das energias de baixo carbono. O programa valoriza, por exemplo, a bioeletrificação com veículos híbridos que permitam o uso de etanol, pois entregam emissões significativamente menores por quilômetro rodado.
“Em conjunto, essas iniciativas podem moldar o setor de bioenergia nos próximos anos, consolidando o protagonismo do Brasil na transição energética global ao integrar agroenergia, tecnologia e políticas climáticas em uma agenda robusta de baixo carbono”, garante o diretor.
Inteligência Artificial e Bioenergia
De acordo com ele, o uso da inteligência artificial (IA) também poderá ser importante na produção de bioenergia, por seu potencial transformador em várias cadeias produtivas, incluindo o agronegócio e a bioenergia.
“No campo, ela pode viabilizar o manejo agrícola de precisão, com algoritmos que analisam dados climáticos, do solo e das plantas para otimizar o uso de insumos, aumentar o rendimento da biomassa e reduzir os impactos ambientais. Na produção de insumos e no desenvolvimento de novas variedades, a IA acelera ciclos de pesquisa e aprimora processos, entre outras aplicações”, esclarece.
“Portanto, a IA não apenas tem o potencial de tornar a produção bioenergética mais eficiente e competitiva, como também deve, de forma indireta, expandir o mercado para fontes renováveis ao acelerar a necessidade global por energia”, acredita Rodrigues.
Fenasucro & Agrocana e o Futuro do Setor
Para o diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone, essas discussões enriquecem o cenário bioenergético e serão pautas importantes durante o evento. “O Brasil dá exemplo ao mundo quando falamos em sustentabilidade. Esse mercado será abordado durante a feira e vamos mostrar que o setor bioenergético nacional avança a passos largos em direção à sustentabilidade e ao protagonismo”, conclui.
Credenciamento e FenaBio
Credenciamento e FenaBio
O credenciamento gratuito e destinado a visitantes, assessorias e imprensa já está aberto e pode ser feito por meio do site oficial do evento. Assim como os ingressos para a programação de conteúdo da FenaBio, que podem ser adquiridos exclusivamente pelo site.
Fenasucro & Agrocana
Em sua 31ª edição, a Fenasucro & Agrocana seguirá seu compromisso de impulsionar negócios, promover a atualização tecnológica e estimular o networking entre os principais players do mercado bioenergético.
Com mais de três décadas de história, a Fenasucro & Agrocana é o maior evento focado exclusivamente na bioenergia, reunindo os principais fabricantes nacionais e internacionais de equipamentos, soluções e tecnologias voltadas à produção de biocombustíveis e energia limpa. A feira é promovida pela RX Brasil, com apoio exclusivo do CEISE Br, e se consolidou como a principal plataforma de conexão entre a indústria fornecedora e os compradores do setor bioenergético. Mais informações no site www.fenasucro.com.br.