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Consumo global de açúcar deve ter crescimento recorde

O cenário para o açúcar brasileiro tende a ser positivo em 2015, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No segundo semestre, o superávit mundial do produto pode dar espaço ao déficit, que seria suprido pela commodity nacional. O dólar valorizado em relação ao Real também deve reforçar a vantagem no mercado externo.

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Dados globais de açúcar já projetam aumento recorde no consumo mundial para o próximo ano. Segundo relatório de revisão da safra 2014/2015 mundial, divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo global de açúcar pode aumentar 2,22%, para 170,996 milhões de toneladas, um recorde.

Dentre os principais países consumidores, o USDA destacou a importância da Índia, cujo crescimento no consumo vem sendo estimado em 3,85%, seguida pelo bloco da União Europeia (1,09%), China (5,45%), Brasil (2,13%), Indonésia, (3,51%), Rússia (3,57%) e Estados Unidos (0,57%). Ao mesmo tempo em que o consumo cresce, a produção mundial pode diminuir 1,46%, segundo o USDA, limitando-se a 172,458 milhões de toneladas.

No mesmo sentido, dados divulgados pela Organização Internacional de Açúcar (OIA) também reduziram em 64% a estimativa de excedente global de açúcar na temporada 2014/2015 – iniciada em outubro de 2014 –, para 473 mil toneladas. Em agosto, a instituição projetava que o excedente totalizasse 1,306 milhão. Para o próximo ciclo mundial, de 2015/2016, a OIA estima que, após cinco temporadas de excedente de açúcar, haja um déficit em torno de 2 a 2,5 milhões de toneladas.

Exportação

Os patamares de preços para exportação em 2015 deverão continuar a remunerar menos que o mercado doméstico brasileiro – considerando-se a evolução dos contratos futuros na Bolsa de Nova York, os prêmios de qualidade negociados para o açúcar cristal até dezembro de 2014 e o Indicador Cepea/Esalq.

Segundo cálculos do Cepea, desde a segunda quinzena de setembro de 2013, o mercado spot paulista remunera mais que as exportações. Somente entre o final de setembro e início de outubro, as exportações foram mais vantajosas, puxadas pelo aumento das cotações internacionais em maior proporção que o do mercado paulista, diante do dólar valorizado frente ao Real.

Processamento de cana

Considerando possíveis perdas de produtividade e menor área a ser colhida, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que as usinas da região devam processar entre 541,40 a 561,60 milhões de toneladas de cana na safra 2015/2016, o que representaria pequena queda ou estabilidade em relação à safra 2014/2015, quando foram processadas 567 milhões de toneladas.

Já para a região Nordeste, prevê-se aumento de 4,9% no volume de cana-de-açúcar a ser moída na safra 2014/2015, passando para 55,6 milhões, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A temporada 2014/2015 nordestina iniciou-se em setembro de 2014, seguindo calendário distinto do praticado na região Centro-Sul.

Preços

Em janeiro, o Indicador do Açúcar Cristal Cepea/Esalq (estado de São Paulo) acumulou queda de 2,13%, fechando a R$ 51,00 a saca de 50 quilos no dia 30. A média mensal foi de R$ 51,05 a saca de 50 quilos, 2,05% inferior à de dezembro (R$ 52,12 a saca de 50 quilos) e 1,51% acima da média de janeiro de 2014 (R$ 50,29 a saca de 50 quilos), em termos nominais. Já o Indicador Açúcar Cristal Esalq/BVMF – Santos acumulou baixa de 0,96% em janeiro, fechando a R$ 51,63 a saca de 50 quilos no dia 30. A média mensal foi de R$ 51,54 a saca de 50 quilos, 1,42% inferior à de dezembro (R$ 52,28 a saca de 50 quilos), mas 2,40% acima da de janeiro de 2014 (R$ 50,33 a saca de 50 quilos), em termos nominais.

As negociações do açúcar cristal em janeiro envolveram volumes pouco expressivos, por se tratar de período de entressafra, mas a liquidez se manteve constante praticamente durante todo o mês. De maneira geral, agentes das usinas cederam às ofertas de preços menores para o açúcar Icumsa 180.

Cálculos do Cepea indicaram que em média, as vendas internas do açúcar remuneraram 7,27% mais que as externas em janeiro. Esse cálculo considerou o valor médio do Indicador Cepea/Esalq e do vencimento março de 2015 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 69,16 a tonelada e custos com elevação e frete de US$ 65,34 a tonelada.

Etanol

O mercado de etanol, que tem enfrentado dificuldades econômicas desde 2008, espera alguma melhora para 2015. Representantes do setor retomaram em partes o diálogo com o governo federal e esperam a definição de uma política de longo prazo. Em janeiro, foi anunciado o aumento da mistura do etanol anidro à gasolina mudança na tributação sobre a gasolina C, que deve ampliar a competitividade do hidratado.

No fim de janeiro, o governou anunciou que de fevereiro até abril, o governo tributará o litro da gasolina em 22 centavos via PIS/Cofins e, de maio em diante, este mesmo valor será “recolhido” a título de PIS/Cofins e de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

Preços etanol

O Indicador mensal Cepea/Esalq do hidratado (Estado de São Paulo) registrou média de R$ 1,3256/l (sem impostos) em janeiro de 2015, acréscimo de 4,8% em relação à de dezembro/14. Para o anidro, o Indicador mensal Cepea/Esalq foi de R$ 1,4582/litro (PIS/Cofins zerados), alta de 3,6% em igual comparativo.

O aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, atualmente em 25%, também é esperado pelo setor, como mais um fator de apoio aos preços dos produtos sucroalcooleiros. Até o encerramento de janeiro, o governo se encontrava em fase final de estudos sobre a viabilidade dessa medida. Outra mudança aguardada por agentes é a redução do ICMS cobrado sobre o hidratado em Minas Gerais, de 19% para 14%, que tornaria o biocombustível mais competitivo no Estado, que é o terceiro maior produtor de hidratado do país.

(Fonte: Canal Rural)

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