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Consumo de álcool crescerá no Brasil; Rússia preocupa no açúcar

O mercado interno de álcool continuará sendo “a grande vedete’ do setor sucroalcooleiro em 2007, devido à expansão da frota de veículos flexíveis. Já as exportações, que atingiram recorde este ano, devem crescer marginalmente apenas, estimou nesta quarta-feira a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

A entidade prevê que as vendas de veículos flexíveis, que podem ser abastecidos com álcool e/ou gasolina, devem ser ampliadas em mais 1,5 milhão de veículos até novembro de 2007 (meio da safra 2007/08), fazendo com que a frota chegue a 4 milhões de unidades.

“O mercado doméstico continua sendo o fundamento básico do crescimento do setor, que tem 15 bilhões de dólares em investimentos pelos próximos quatro a seis anos’, disse Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica, numa entrevista coletiva em que fez um balanço da safra 2006/07 de cana do centro-sul do país.

Sobre o mercado externo, ele afirmou que não há indícios de aumento das exportações acima dos 3 bilhões de litros, praticamente o mesmo volume registrado este ano (2,9 bilhões de litros).

Esta, segundo ele, já seria uma estimativa “otimista e heróica’, em que seria mantido o volume “surpreendente’ de embarques de álcool para os Estados Unidos registrado em 2006.

Os EUA foram o principal destino para o combustível brasileiro este ano, absorvendo embarques de 1,34 bilhão de litros.

Esse consumo pelos EUA foi possibilitado pela suspensão em alguns Estados norte-americanos do uso do MTBE como aditivo à gasolina, que foi substituído pelo álcool. O preço elevado do produto nos EUA e mais baixo no Brasil tornou possível a exportação direta até meados do ano, mas a situação mudou, e a partir de setembro os embarques caíram consideravelmente.

Já as vendas para o Caribe – onde o álcool é desidratado e reexportado para os EUA sem pagar a tarifa de importação de 0,54 dólar por galão – têm potencial para crescer em 2007, segundo Carvalho, já que até agora está sendo aproveitada menos de um terço da “janela’ permitida.

RÚSSIA PREOCUPA

Segundo o presidente da Unica, nem o mercado de álcool nem o de açúcar sinalizam grandes altas para 2007.

“Não são mercados estimulantes, bullish. Você tem claramente uma estabilidade previsível tanto para o etanol quanto para o açúcar’, considerou.

Com os preços do açúcar indicando para 2007 um patamar mais baixo que o registrado no início de 2006, a Unica acredita num direcionamento proporcionalmente maior de cana para a produção de álcool na próxima safra do que na 2006/07.

Um dos fatores que preocupam o setor, segundo Carvalho, é a ameaça da Rússia – maior importador de açúcar do mundo e principal destino para o Brasil – de elevar o imposto de importação de açúcar dos atuais 140 dólares por tonelada para 270 dólares.

O aumento ainda não foi ratificado, mas há indicações que isso vai acontecer, disse o presidente da Unica, que vê a medida como protecionista.

Segundo ele, com a elevação da tarifa, o preço local do açúcar fica mais alto e serve como incentivo à produção doméstica, reduzindo a demanda por importações.

“Conseguimos uma notável vitória contra os subsídios da UE (na OMC) e estamos vendo surgir um monstro que não afeta o mercado externo mas, como maior importador, vai reduzir muito as compras’, disse ele, que considera o possível aumento uma ‘ameaça às exportações’ no curto e médio prazos.

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