Relatório da consultora empresarial Archer Consulting avalia que as usinas devem priorizar a produção de etanol em detrimento do açúcar na próxima safra. O mix alcooleiro se justifica diante dos preços estáveis do petróleo, exportações maiores de açúcar indiano e a desvalorização do real em relação ao dólar.
Em resposta ao aumento dos preços globais do petróleo, a Petrobras reajustou os preços da gasolina no atacado na semana passada, aumentando potencialmente o apelo econômico do etanol hidratado na bomba.
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Ainda assim, a competitividade do etanol hidratado na bomba tem sido prejudicada pela defasagem dos preços no mercado nacional de combustíveis, regulados pela Petrobras. A cotação da gasolina no atacado está 16pc abaixo da paridade internacional de R$3.480/m³, avalia a consultoria.
A Archer vê potencial para os preços internacionais do petróleo continuarem a subir em 2022, à medida que a atividade econômica se recupere da pandemia de Covid-19. Além disso, a consultoria vê um aumento da volatilidade cambial na corrida para as eleições presidenciais de outubro de 2022, o que também pode sustentar os preços dos combustíveis.
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Embora as chuvas tenham começado a voltar ao cinturão da cana-de-açúcar, nenhuma previsão atual para a safra 2022-23 no Centro-Sul prevê que ela ultrapasse 550 milhões de t, depois que uma série de incêndios, geadas e a pior seca em décadas reduziram as expectativas para a safra atual para 515-530 milhões de t na maioria das projeções, disse a Archer. Na safra passada, a região colheu 605 milhões de toneladas.
“O etanol pode oferecer retornos melhores no início da colheita da próxima safra, que começará mais tarde do que o normal”, disse a Archer em seu relatório semanal de mercado. A colheita da cana no Centro-Sul, principal região produtora do país, vai de 1º de abril até 31 de março.